Shoppings ampliam serviços e viram hubs multifuncionais: de coworkings a self storage
Se antes os centros comerciais eram sinônimo de compras, cinema e visita ao supermercado, hoje os shopping centers brasileiros estão se transformando em verdadeiros polos de serviços e conveniência

Espaços antes dedicados exclusivamente aos carros estão ganhando novos usos dentro dos shopping centers. Com a crescente adoção de aplicativos de transporte, mudanças nos hábitos de consumo e a alta no preço dos automóveis, estacionamentos subutilizados passaram a chamar a atenção de empreendedores como áreas com potencial de transformação. A mais nova aposta vem da Ancar Ivanhoe, que este ano inaugurou seu primeiro self storage dentro de um shopping: o Guardaê, no Botafogo Praia Shopping, no Rio de Janeiro.

A proposta é simples: oferecer boxes de armazenagem para clientes que precisam de espaço extra — seja para guardar mercadorias ou até itens pessoais. “Essa iniciativa nasce com o propósito de ampliar a linha de depósitos e agregar valor ao shopping, aos nossos clientes e aos negócios da região", informou a empresa.
O movimento do self storage é parte de uma tendência maior: transformar os shoppings em hubs multifuncionais. A ideia é usar os grandes corredores e espaços disponíveis não apenas para compras ou lazer, mas também como centros de trabalho, saúde, bem-estar e serviços públicos. Essa reinvenção dos espaços físicos também é uma resposta direta à perda de fôlego do varejo tradicional, fortemente impactado pelo e-commerce. Com a comodidade das compras online, muitos consumidores migraram seu consumo para plataformas digitais, o que reduziu o fluxo nos corredores comerciais. Como resultado, os shoppings precisaram repensar seu papel - e passaram a investir em formatos híbridos, que conciliam compras com serviços e experiências que não podem ser replicadas pela internet.
Coworkings: trabalho perto do consumo
Dentro dessa lógica, os coworkings também despontam como peça-chave. A Regus, uma das maiores redes do setor, está expandindo sua presença dentro de shoppings em diversas cidades do Brasil. Para Tiago Alves, CEO da Regus no país, os centros comerciais oferecem uma combinação rara de espaço e infraestrutura. "A combinação de conveniência, localização estratégica e custo-benefício tem impulsionado a expansão do Regus Express", afirma.
Com unidades já em funcionamento em São Paulo (JK Iguatemi e Center 3), Goiânia (Flamboyant) e Uberlândia (Center Shopping), a Regus prepara novas inaugurações em Belo Horizonte, Florianópolis e no Rio de Janeiro, reforçando a aposta no formato. "Há shoppings que têm coworkings em locais estratégicos, entre lojas de grife, tornando o ambiente ainda mais atrativo para os usuários", completa Alves.
Saúde e bem-estar no mix de lojas
Outra aposta que se consolida é a dos serviços de saúde. Clínicas, laboratórios e até hospitais vêm ocupando espaço nos shoppings, oferecendo consultas, exames, vacinação e pronto- atendimento em locais de fácil acesso, acessibilidade e estacionamento, entre outras comodidades. A Unimed Sorocaba, por exemplo, inaugurou sua primeira unidade no Shopping Cidade Sorocaba em 2013 e, desde então, ampliou sua presença com unidades no Iguatemi Esplanada, que oferecem desde coleta laboratorial até ultrassonografias especializadas.
Em São Paulo, diversos shoppings contam com unidades médicas. A Rede CEMA, por exemplo, já possui espaços instalados em mais de 10 shoppings, incluindo o Pátio Paulista, Aricanduva, Eldorado, Internacional Shopping Guarulhos, Ibirapuera, Morumbi Shopping e West Plaza.
Serviços públicos e academias completam o ecossistema
Os shoppings também têm recebido unidades da Polícia Federal para emissão de passaportes. Em São Paulo, é possível resolver esse tipo de pendência em locais como o Shopping Market Place, Eldorado, Ibirapuera e West Plaza.
E se os cinemas já foram os grandes chamarizes de público, hoje as academias disputam o posto de âncora. Redes como Bio Ritmo e Companhia Athletica ocupam áreas generosas e mantêm o fluxo de frequentadores constante, inclusive em horários de menor movimento no comércio.