Homeoffice perde espaço e retorno ao presencial fortalece ocupação corporativa
Apenas 4,3% das vagas são remotas em 2025, segundo a Gupy; crescimento do modelo presencial impulsiona mercado de escritórios, com destaque para São Paulo

O número de empresas que anunciam o retorno ao modelo presencial cresce a cada dia. Ainda que protestos e greves ocorram, o movimento se mostra inevitável. Dados da plataforma Market Analytics, da SiiLA, revelam que o saldo entre novas locações e devoluções - conhecido como absorção líquida - tem registrado aumento ano a ano.

Em São Paulo, por exemplo, foram contabilizados 318 mil m² de absorção líquida em escritórios em 2024, um crescimento de 83% em relação ao ano anterior, quando o saldo foi de 174 mil m².
Outro indicativo da retomada aos escritórios vem da área de recursos humanos. Segundo Guilherme Dias, CMO e cofundador da Gupy, plataforma de recrutamento e seleção, a maioria das empresas opta pelo modelo 100% presencial.
"De acordo com os dados da Gupy, a grande maioria das empresas opera no modelo 100% presencial, mantendo uma participação dominante no mercado de trabalho. Em 2025, esse formato representou 88,6% das vagas publicadas, mostrando que, apesar de uma leve queda entre 2019 e 2021, o trabalho presencial continua sendo a escolha predominante", afirma Dias.
Por: Siila
Grandes empresas também seguem essa tendência. O Google, importante ocupante de lajes corporativas, "adota o modelo híbrido, com três dias presenciais e dois remotos", informou a empresa ao portal Resource. Sua principal locação está no edifício Pátio Victor Malzoni, de classe A+, na Avenida Faria Lima, em São Paulo.
Outros grandes tomadores de área, como o Itaú, também adotam o modelo híbrido. Já a Amazon anunciou que está extinguindo o trabalho remoto, um movimento que a fez expandir de área e locar 100% de um edifício em São Paulo.
"O modelo híbrido, que passou a aparecer nos dados a partir de 2023, vem ganhando espaço, atingindo 7,7% das vagas em 2024 e registrando 7,2% em 2025. Embora ainda seja uma parcela pequena, esse crescimento sugere que algumas empresas estão testando formatos mais flexíveis, combinando dias presenciais e remotos. Já o trabalho totalmente remoto, que teve um pico de 14,8% em 2021, durante a pandemia, sofreu uma queda acentuada nos anos seguintes, estabilizando-se em apenas 4,3% em 2025", complementa Dias.
Crescimento na área ocupada dos escritórios
Por: Siila
Dados do Market Analytics indicam que a área ocupada em escritórios das classes A+, A e B apresentou estabilidade entre 2019 e 2025, refletindo os impactos da pandemia e a posterior reconfiguração dos modelos de trabalho. Em 2019, o total ocupado era de 10,6 milhões de metros quadrados. Nos anos seguintes, houve retração, com o ponto mais baixo registrado em 2021, quando a ocupação caiu para 10,2 milhões de metros quadrados - reflexo direto do auge do home office durante as restrições sanitárias. A partir de 2022, no entanto, a ocupação começou a crescer de forma gradual, acompanhando o retorno ao presencial. Dados da Gupy apontam que a demanda por trabalho remoto vem diminuindo desde o fim da pandemia, enquanto o modelo presencial se fortalece. Esse movimento ajuda a explicar o crescimento da ocupação dos escritórios, que atingiu 11,2 milhões de metros quadrados em 2025 - o maior nível da série histórica.
"Isso indica que poucas empresas adotaram o modelo remoto de forma permanente, preferindo retomar o presencial ou migrar para o híbrido. O mercado de trabalho ainda é majoritariamente presencial, com um espaço crescente, porém limitado, para o modelo híbrido. O trabalho remoto, por sua vez, perdeu força após o auge da pandemia e hoje representa uma pequena fração das vagas", finaliza Dias.