Clube FII News News

Notícias para o investidor de fundos imobiliários

    Conheça o Clube FII

    Conheça o Clube FII

    Mercado Imobiliário

    Faculdade, vielas e coworking: onde estão os espaços físicos das Bets?

    A análise realizada pela equipe de jornalismo da SiiLA identificou e analisou mais de 150 sites e verificou todos os seus espaços físicos

    Por SiiLA
    segunda-feira, 17 de março de 2025 Atualizado

    Desde o primeiro dia de janeiro de 2025, as casas de apostas, conhecidas como Bets, estão autorizadas a operar no Brasil, e devem seguir as regras estabelecidas pelo governo. E não foi apenas o mercado de apostas e cassinos que se movimentou, mas também o setor imobiliário.

     

    Faculdade, vielas e coworking: onde estão os espaços físicos das Bets?
    Antonio Forjaz, head Brasil da SportingBet

     

    A equipe de jornalismo do REsource acessou dados públicos disponibilizados pelo Governo Federal e pela Receita Federal, cruzando essas informações com o Market Analytics da SiiLA para mapear o perfil das casas de apostas no país. Atualmente, há 158 sites autorizados a operar no Brasil, controlados por 71 empresas. O impacto no mercado imobiliário, no entanto, ainda é pequeno, já que a maioria dessas empresas está instalada em empreendimentos de classe C ou em ativos que não se enquadram no monitoramento da SiiLA.


    Os dados mostram que apenas 14% das empresas alugam e ocupam um espaço próprio. As demais utilizam coworkings, escritórios de contabilidade, agências de marketing ou escritórios de advocacia como endereço fiscal.


    No entanto, o levantamento identificou algumas companhias registradas em locais incomuns. Um exemplo é a PixBet Soluções Tecnológicas, que controla três casas de apostas (PixBet, FlaBet e Bet da Sorte) e está registrada em uma pequena viela em Campina Grande, Pernambuco, um local aparentemente sem residências ou comércios. O endereço foi obtido diretamente no cartão do Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica (CNPJ) da empresa.


    Outro caso é o da Blow Marketplace, responsável pelas plataformas Aposta Tudo, Bravo e Tradicional. Segundo o CNPJ, a empresa está registrada dentro de um campus da Fac Unicamps, em Goiânia (GO).

    Para Caio Bartine, advogado especialista em direito tributário e consultor jurídico, essas situações podem gerar problemas legais e prejudicar as empresas.


    "O CNPJ deve refletir informações precisas sobre a empresa, incluindo o endereço real onde suas atividades são desenvolvidas. A prestação de informações incorretas pode ser interpretada como descumprimento de obrigações acessórias [...]. A Receita Federal pode aplicar multas e até suspender ou inativar o CNPJ, o que impediria a empresa de operar regularmente. Se uma empresa declara um endereço inexistente, pode haver indícios de fraude, como tentativa de dificultar a fiscalização ou mascarar a verdadeira localização da operação", explica.


    Bartine também destaca que o uso de endereços fictícios pode gerar desconfiança regulatória e dificultar a renovação das licenças de operação.


    Até o fechamento desta reportagem, PixBet, Blow Marketplace e a Fac Unicamps não responderam aos questionamentos da equipe do REsource.


    Onde estão?


    Os dados apurados mostram que 65% das empresas controladoras das casas de apostas estão em São Paulo, e, desse total, 83% estão localizadas na capital paulista.


    Uma das principais características dessas empresas é a sua presença em coworkings. A Ventmear Brasil, controladora do SportingBet e Betboo, por exemplo, está registrada em uma unidade da WeWork, no HBR Lead Corporate, na Faria Lima.


    Outro caso é a Lindau Gaming Brasil, que controla as plataformas Faz o Bet Aí, Oleybet e Betpark, opera a partir de um espaço alugado na Regus, dentro do Centro Empresarial Botafogo, no Rio de Janeiro.


    Já a TQJ-PAR Participações Societárias, responsável por Baú Bingo, Tele Sena Bete Bet do Milhão, registrou seu endereço em um galpão da marca de cosméticos Jequiti, em Barueri, devido à sua ligação com a rede de televisão SBT.


    Impacto econômico


    Qualquer empresa que deseja operar no país deve pagar impostos para manter seu funcionamento. A Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) divulgou, em janeiro, um relatório apontando que o varejo deixou de faturar R$ 103 bilhões em 2024 devido ao redirecionamento dos gastos das famílias para apostas.


    O estudo indica que 22% da renda das famílias foi direcionada para as Bets e estima que cerca de 1,3 milhão de pessoas estão inadimplentes devido às apostas. A CNC alerta que o setor pode reduzir em até 11,2% a atividade varejista, com os gastos em apostas podendo chegar a 0,62% do PIB brasileiro.


    Por outro lado, Bruno Corano, economista da Corano Capital, argumenta que as casas de apostas contribuirão para a arrecadação de impostos e que o dinheiro movimentado no setor acabaria indo para o governo de alguma forma.


    "As Bets com certeza vão contribuir para a arrecadação de impostos. [...] E o que a gente precisa lembrar é que, se tomarmos uma amostra de 100 milhões de pessoas, seja através do Bolsa Família ou de suas atividades profissionais, elas geram receitas pessoais na ordem de R$ 1 bilhão por mês, por exemplo. Esse dinheiro seria gasto de qualquer jeito, com qualquer coisa. [...] Então, nesse sentido, não é que a arrecadação cresce, mas sim que, em vez de vir da compra de uma maçã no supermercado, vem da compra de um jogo. Ainda assim, considero válido, pois antes as pessoas já compravam jogos e nem a arrecadação existia", afirma.

     


    mais notícias semelhantes
    O Clube FII preza pela qualidade do conteúdo e verifica as informações publicadas, ressaltando que não faz qualquer tipo de recomendação de investimento, não se responsabilizando por perdas, danos (diretos, indiretos e incidentais), custos e lucros cessantes.