Cultura imobiliária diferencia Rio e São Paulo: no litoral, vista; na capital paulista, região
Cariocas atribuem peso à paisagem e ao status, enquanto paulistanos priorizam localização

No mercado residencial, é quase um senso comum: os andares mais altos são mais valorizados que os mais baixos. Privacidade e vista são os principais fatores que aumentam o valor dos imóveis com essas condições, mas isso não é algo exclusivo do residencial; o mesmo pode ser visto no corporativo. Especialmente no Rio de Janeiro, isso é visto com maior frequência. Segundo Juan Garcia, sócio e CEO da GMV Incorporadora e Construtora, isso é um fator cultural.

"O andar e a vista de um empreendimento têm um peso significativo na formação do valor, principalmente em cidades praianas como o Rio de Janeiro, onde a paisagem faz parte do estilo de vida e agrega valor emocional ao imóvel. Em determinados casos, a diferença pode chegar a 60%, especialmente quando falamos de vistas para pontos icônicos, como praias ou áreas verdes", explica.
O status de uma boa vista
Por: Siila
Thais Koch, diretora da Koch Construtora, conta que o mesmo raciocínio vale tanto para empreendimentos residenciais quanto para corporativos. "Um escritório com vista para o mar transmite status, exclusividade e bem-estar. Quanto mais próximo do mar ou mais alto o andar, mais caro se torna o espaço. Esse diferencial permite, inclusive, cobrar um valor maior pelo serviço prestado", conta.
A executiva explica que, enquanto um escritório no térreo transmite um perfil mais popular, um escritório com vista para o mar agrega seletividade e prestígio. É o status que faz a diferença, e isso se reflete diretamente no preço do metro quadrado e no valor do aluguel. "Acredito que, sim, os inquilinos estão dispostos a pagar mais para ter esse diferencial. Já temos dados concretos mostrando que eles aceitam um valor muito superior apenas para garantir a vista", explica Koch.
Quem quer estar mais próximo do céu?
Nikolas Matarangas, CEO da Be In, explica que apesar de ser algo cobiçado, é algo que deve ser bem pensado, a vista também reforça os valores e perfil do inquilino. "Falando um pouco do nosso mundo corporativo, o que vemos na prática depende muito do perfil do inquilino. Para empresas que buscam reforçar marca, reter talentos e oferecer uma experiência diferenciada para a equipe, a vista é um ativo estratégico e pode justificar pagar um prêmio, geralmente temos visto de 15 a 40% a mais no metro quadrado. Já quando a prioridade é eficiência de custo, a vista acaba ficando em segundo plano", comenta Matarangas.
"No fim, o que define se vale a pena pagar por esse diferencial é se ele realmente contribui para o engajamento, para a marca e para a cultura da empresa. Esse é o ponto de equilíbrio que a gente enxerga pela experiência que temos com os nossos clientes e prospects", complementa.
Localização vs vista
Esse movimento não é algo tão perceptível em São Paulo. A metrópole paulista possui uma dinâmica associada mais às regiões: a Faria Lima possui maior prestígio do que o Tatuapé, por exemplo. Matarangas explica que "a vista sozinha não sustenta um valor muito acima da média se não vier acompanhada de localização estratégica, qualidade do edifício, infraestrutura e serviços." Companhias de grande porte tendem a possuir mais recursos que cubram esses custos. O CEO da Be In explica essa dinâmica.
"Empresas de setores mais premium, como financeiro, jurídico ou tecnologia, geralmente topam pagar por isso porque enxergam retorno em imagem corporativa e retenção de talentos, o mesmo perfil de empresa que busca uma obra e design alto padrão. Já empresas médias ou que focam em otimização de custos costumam tratar a vista como um bônus, e não como um driver principal de decisão", finaliza.