Correios deve aproximadamente R$ 328 milhões ao FII Tellus Rio Bravo por Centro Logístico Contagem
O TBRL11 segue em disputa judicial para cobrar os valores pendentes de aluguéis e da rescisão dos Correios

O FII Tellus Rio Bravo Renda Logística (TBRL11), acaba de anunciar nesta quarta-feira (20), a retomada integral de seu ativo, Centro Logístico Contagem, após a entrega das chaves do empreendimento por parte dos Correios no dia 18. A devolução ocorreu em meio a alegações da estatal sobre condições instáveis apresentadas pelo galpão. Porém, a Tellus segue em disputa judicial afirmando a regularização do ativo para cobrar os valores dos aluguéis e da rescisão devidos pelos Correios.
A estatal se firmou em um empreendimento menor na região, o Bresco Contagem. “Com a posse do imóvel retomada, podemos designar esforço máximo na recolocação do ativo, que possui especificações técnicas de alto padrão e está inserido em uma das regiões logísticas mais relevantes do país, mercado de baixíssima vacância e alta demanda de locação”, afirma Felipe Ribeiro, gestor imobiliário na Rio Bravo. Ribeiro afirma que o valor estimado da dívida é de aproximadamente R$ 328 milhões, que corresponde a 100% dos aluguéis a vencer até o final do contrato original, previsto para 2034.
Em release divulgado pela empresa, destacou-se que a decisão dos Correios de romper um contrato atípico, com cláusulas rígidas, e migrar para um imóvel mais barato e flexível na mesma região, passou ao mercado a impressão de uma tentativa de se desvincular de obrigações financeiras em meio à crise da instituição. “Temos total confiança no respaldo contratual e seguimos com a estratégia jurídica para garantir o recebimento dos valores devidos, desde o pagamento dos aluguéis inadimplidos até a multa rescisória pela rescisão antecipada do contrato de locação. Contratos atípicos precisam ser honrados e vamos garantir isso até as últimas medidas”, completou.

O gestor do fundo também assegurou os cotistas sobre a saúde financeira da Rio Bravo: O contrato com os Correios era relevante, mas o portfólio do TRBL11 é robusto o suficiente para garantir renda com segurança. Nossa estrutura de alavancagem foi preservada, o que em muitos casos não acontece quando se perde um lastro desse porte”.
Próximos passos
À SIILA, Felipe Ribeiro também compartilhou a estratégia para a locação do imóvel: “Agora com a retomada da posse do imóvel o fundo já está trabalhando com parceiros
comerciais para alugar o imóvel o quanto antes, com boas expectativas, considerando que não há nenhuma restrição de uso e que o imóvel possui especificações técnicas modernas e está localizado em região tradicional do mercado logístico, com baixa vacância.”
Centro Logístico Contagem
Por: Siila
Localizado entre as rodovias Juscelino Kubistchek e Fernão Dias, e próximo do aeroporto de Confins, o empreendimento A+ possui uma área total de 121.749 m?. Com apenas 11.7 km de distância do centro da capital, estacionamento, 88 docas e um galpão, o ativo se torna um grande ponto estratégico para distribuições logísticas.
Histórico da disputa
A história por trás do imóvel se inicia em outubro de 2024, quando o fundo, após uma vistoria, informou a interdição do Centro Logístico Contagem devido a danos estruturais que arriscavam a integridade do ativo. À época, o TBRL11 afirmou que somente 6% da estrutura do empreendimento foi interditada o que não impediria a utilização do galpão.
Os Correios relataram que já tinham realizado a desocupação preventiva do imóvel devido a fortes chuvas na região, afirmando que a operação não seria afetada. Ao final do mesmo ano, os Correios anunciaram o processo administrativo para a rescisão do contrato de locação de 15 anos com o fundo. Esse que teve início em 2020, após a entrega do
imóvel feito como um BTS (Build to Suit) para a estatal.
“O comunicado foi divulgado um dia após o site de notícias Poder 360 revelar documentos que apresentavam um prejuízo de R$ 1,81 bilhão dos Correios. Assim se iniciou a disputa entra o fundo e a estatal; fontes contaram ao RESource que os Correios estariam usando o problema no galpão como pretexto para iniciar a rescisão. Outro agravante foi a comparação entre a constatação da Defesa Civil de Contagem com os três laudos técnicos realizados pelo proprietário que comprovavam que o risco de colapso não era
imediato como havia sido notificado pela prefeitura. Além disso, a companhia estaria completamente mobilizada para que os reparos no ativo fossem concluídos.
Com as obras já concluídas, os Correios deixaram de pagar uma parcela referente a dezembro de 2024 que teve vencimento em janeiro de 2025, alegando que haviam solicitado a rescisão Contratual meses antes e que as reformas realizadas não eram suficientes para manter a locação. O valor do aluguel era de R$ 2,7 milhões e a estatal representava cerca de 46% do rendimento total do fundo naquele momento.
Em março de 2025 foi formalizada a rescisão unilateral com a entrega das chaves prevista para 18 de agosto de 2025. Em seguida, os Correios se mudaram para um galpão menor no empreendimento Bresco Contagem. O prejuízo acumulado da estatal estava em R$ 2,6 bilhões.