Resumo da semana – Deflação remexe convicções de investidores
De prévia da inflação negativa até liquidação de fundo e FIIs de tijolo em alta, a semana foi agitada e merece essa revisão sem pompa e circunstância, apenas com sinceridade

O IPCA-15 de agosto não me deixa mentir: o país está em um período de deflação, ou seja, de inflação negativa.
Mas mesmo com o índice em recuo de 0,73%, estamos no Brasil e sabemos que eventos como este são raros, exóticos, e obviamente não são consequência de uma política econômica séria e planejada.

Houve redução sim nos preços dos combustíveis, o que impactou o cálculo, mas quem faz compras no mercado entende o porquê da inflação ter dado um freio. O poder de compra do brasileiro está muito menor.
Mas a grande discussão no mercado de Fundos Imobiliários é sobre a atratividade dos FIIs com Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRIs) em carteira, os chamados fundos de papel.
Vistos como os queridinhos desde o ano passado por causa da remuneração dos CRIs com base, principalmente, no IPCA, agora, estes FIIs deixam algumas dúvidas.
Os fundos de tijolos, ou seja, os que têm imóveis no portfólio, voltaram a ser moda!
Falando em moda, a concentração de mercado, ops, digo, a incorporação de fundos menores por outros maiores segue como tendência forte.
A semana começou com o ruído do Fundo Imobiliário Bluecap Renda Logística (BLCP11) após a gestora ter sofrido um revés na justiça que resultou na manutenção da decisão de assembleia geral extraordinária (AGE) para a incorporação do fundo pelo BTG Pactual Logística (BTLG11).
Já o Fundo Imobiliário FOF Integral Brei (IBFF11) acabou mesmo. Está em liquidação após decisão de AGE e publicou os detalhes e datas para os cotistas se organizarem neste processo.
O movimento de integração, incorporação, parceria... Ah, sei lá, você entendeu... também inclui gestoras já de longa data. Desta vez, quem abocanhou foi o Bradesco velho de guerra e a presa foi o banco BV – antigo Votorantim – e a sua BV Asset, gestora de mais de dezena de Fundos Imobiliários. A parte devorada foi de 51%, só para mostrar quem é o mais forte na cadeia alimentar.
Outra situação no mercado FII que atrai muitos olhares - curiosos ou de preocupação - é no segmento de logística.
Tão badalado durante a pandemia com o aquecimento do e-commerce, agora, ele começa a sentir os efeitos de uma recessão econômica iminente.
Um comunicado deu o tom do cenário: com a saída de inquilinos, o Fundo Imobiliário REC Logística (RELG11) terá vacância de 20,08%. Na última divulgação do final de julho, a taxa estava em 2,70%. Uma mudança destas deve estar tirando o sono de muita gente.
E o Alzirão? Este causa polência com a venda do edifício Clariant, em São Paulo. O Fundo Imobiliário Alianza Trust Renda Imobiliária (ALZR11) prorrogou novamente a conclusão da operação, desta vez para 9 de setembro.
A corrida é para a transação estar fechada antes do fim da 5ª emissão de novas cotas e atender a uma reivindicação de cotistas anteriores à oferta que não querem ver o rendimento diluído para um número maior de investidores do fundo após a emissão. É o famoso: ‘Farinha pouca, meu pirão primeiro! E nem sei se a farinha é tão escassa assim. O valor do prédio é estimado em R$ 151,6 milhões.
Para o final, a gente deixa as boas notícias.
O Clube FII conseguiu apurar junto à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) uma dúvida que deixava todo mundo de fundo de papel pra lá de tenso.
Em 1º de agosto, o regulador publicou normas sobre companhias securitizadoras de capital aberto em relação à resolução CVM nº 60 de 2021 e o limite de investimento por emissor na instrução CVM nº 555 de 2014.
Mas o item 6 do ofício deixou dúvidas. O trecho menciona limites de 10% do investimento do patrimônio líquido (PL) de Fundos de Investimentos, Fundos Imobiliários ou Fundos de Investimentos das Cadeias Agroindustriais (Fiagro) nas operações de crédito.
10% por CRI ou por securitizadora? Nem tem tanta securitizadora assim em operação do país.
O mistério foi desvendado após resposta do superintendente da CVM, Bruno Gomes. Os 10% são por operação de CRI mesmo.
Golaço do Felipe Ribeiro, diretor de Produtos Alternativos do Clube FII, que não se conformou com a desinformação e o tititi que circulavam no mercado.
E para encerrar, a B3 divulgou o sempre tão aguardado Boletim de Fundos Imobiliários que, sem causar tanta surpresa, mostrou a continuidade do ritmo de crescimento da base de investidores em FIIs no Brasil.
O número de investidores em Fundos Imobiliários atingiu 1.772.000 em julho, o que representa um crescimento mensal de 3,14%.
Fiagros tiveram aumento de 15,7% na mesma comparação totalizando 80.300 investidores.
Senhores, eu venho da cobertura do mercado de ações de longa data. Cheguei a ser testemunha da crise do Subprime dentro da B3, então BM&F.
Posso dizer com propriedade que um crescimento consistente como este no número de investidores de FIIs e Fiagros é algo difícil de ver no país.
Ótimo fim de semana e até a próxima!
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