DEVA11, VSLH11 e HCTR11 recebem pagamento atrasado por título que financiou Feira da Madrugada
Anúncios dos Fundos Imobiliários Devant Recebíveis Imobiliários, Versalhes Recebíveis Imobiliários e Hectare CE foram na manhã desta quarta-feira (8). Valor pago com multas não foi informado

Os Fundos Imobiliários Devant Recebíveis Imobiliários (DEVA11), Versalhes Recebíveis Imobiliários (VSLH11) e Hectare CE (HCTR11) anunciaram que receberam o pagamento atrasado das obrigações ligadas aos Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRI) da Forte Securitizadora usados para financiar a construção do Shopping Circuito de Compras – Feira da Madrugada, na região do Brás, centro da capital paulista.
De acordo com os comunicados divulgados na manhã desta quarta-feira (8), o pagamento do valor devido desde 22 de fevereiro - que não foi informado - teve o acréscimo de multas previstas no contrato.

Os CRIs pertencem às séries 438ª, 439ª, 441ª, 442ª, 443ª, 444ª, 445ª, 446ª, 447ª e 448ª da 1ª emissão da Forte Securitizadora, de acordo com a Vórtx, administradora dos fundos.
Além dos FIIs HCTR11, DEVA11 e VSLH11, o Banestes Recebíveis Imobiliários (BCRI11) também possui o CRI da Forte Securitizadora na carteira.
A quitação do pagamento que estava em atraso foi decidida em assembleia de investidores, segundo comunicado anterior divulgado pela Vórtx.
Entrada do Shopping Circuito de Compras - Feira da Madrugada que 'se confunde' com a área externa e o comércio popular do Brás (Foto: Arquivo - Clube FII News)
Exposição dos Fundos Imobiliários ao shopping
O Departamento de Educação e Comunicação do Clube FII fez o levantamento do nível de exposição dos Fundos Imobiliários ao ativo Shopping Circuito de Compras - Feira da Madrugada.
O HCTR11 tem a maior exposição com 7,32% da carteira em Certificados de Recebíveis Imobiliários da Forte Securitizadora, além de 8,62% em equity do fundo XBXO11.
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Em segundo lugar, o DEVA11 tem 5,42% do portfólio em CRIs ligados ao shopping. Na sequência, vem o FII BCRI11, com 3,76% do patrimômio líquido nos títulos ligados ao imóvel.
Por último, o VSLH11 tem 3,57% da carteira de ativos em CRIs.
Conheça a história do Shopping Circuito de Compras - Feira da Madrugada
O projeto e a construção do Shopping Circuito de Compras - Feira da Madrugada foram cercados de polêmicas.
O local escolhido era ocupado por ambulantes que atuavam na madrugada na região do comércio popular do Brás, no centro da cidade de São Paulo. A retomada do terreno pela prefeitura enfrentou resistência por parte dos vendedores de rua.
O complexo com 220 mil metros quadrados do Shopping Circuito de Compras - Feira da Madrugada recebe diariamente consumidores de todo o Brasil (Foto: Arquivo - Clube FII News)
Foi estabelecido, então, o modelo de concessão do local por 35 anos. A concessão foi ganha pelo consórcio Circuito de Compras, em 2015.
Em seguida, a cobrança de 'luvas' - taxas para a obteção do direito de alugar os espaços para lojas - também foi motivo de contestação ao projeto.
Entre os integrantes do consórcio, a presença da gestora R Cap e do XBXO11, um fundo de private equity (que faz investimentos diretos de capital) levantou novos questionamentos sobre um eventual conflito de interesses por incluir operações de crédito (CRI) e de equity no mesmo negócio.
Em entrevista concedida ao Clube FII Visita em agosto de 2022, Katia Costa, gestora R Cap e do XBXO11, explicou que as instituições integrantes do consórcio não veem conflito de interesse na operação.
"Equity como investimento de participação em uma empresa e dívida são coisas com objetivos completamente diferentes. Na dívida, você tem um retorno e um risco limitados. O equity como participação em sociedade traz um potencial de ganho muito maior, praticamente ilimitado, mas também traz um risco grande pela divisão do risco potencial do passivo e a perda do capital investido. Tanto na dívida, quanto no equity, qualquer um dos fundos que invista nas duas não tem participação majoritária".
Ainda segundo Katia Costa, o controlador da dívida é o agente fiduciário, no caso, a administradora Vórtx.
"Este controlador tem a responsabilidade de defender o interesse do investidor. Inclusive, executar garantias. Os Fundos Imobiliários investem [no Shopping] por meio do fundo XBXO11 que detém uma participação no Fundo de Investimento em Participações (FIP) Talismã. Este FIP é dono de 90% deste empreendimento. O XBXO11 é minoritário e não controla o negócio".
O ativo faz parte da carteira de cerca de 500 mil cotistas de Fundos Imobiliários.
O complexo do Shopping Circuito de Compras - Feira da Madrugada tem 220 mil metros quadrados e recebe diariamente consumidores de todo o Brasil.
Até meados de 2022, metade dos espaços destinados a boxes e lojas havia sido ocupada.