Rio quer ser capital da IA: prefeitura e BNDES lançam projeto de R$ 357 bi para data centers
Plano prevê 3 GW de capacidade instalada até 2032 e investimentos estimados em R$ 357 bilhões

A cidade maravilhosa está se tornando cada vez mais tecnológica. Na última terça-feira (1), a Prefeitura do Rio de Janeiro assinou um memorando de entendimentos com o BNDES para a implementação do projeto Rio Al City, que busca transformar a Barra da Tijuca em um hub de centros de dados.

A cerimônia aconteceu na sede do BNDES, com a presença do prefeito Eduardo Paes, que assinou o documento ao lado de Nelson Barbosa, diretor de Planejamento do banco e, representando o presidente da instituição, Aloizio Mercadante. Também participaram do evento as ministras Luciana Santos (Ciência e Tecnologia) e Esther Dweck (Gestão e Inovação em Serviços Públicos), além de Ivan Monteiro, presidente da Eletrobras, e Luiz Antonio Elias, presidente da Finep.
"Este acordo consolida que o Rio é a cidade mais preparada para receber esse tipo de projeto. Temos uma infraestrutura robusta de internet, com cabos subterrâneos extensos e fibras ópticas de alta densidade. Mas, acima de tudo, temos o mais valioso: capital humano. Gente qualificada, centros de pesquisa de ponta, empresas e universidades que já atuam nesse ecossistema. O Rio tem todos os elementos necessários para atender e liderar esse mercado", afirmou Paes durante o evento.
O Rio Al City terá papel estratégico, segundo a prefeitura, na implementação de tecnologias de inteligência artificial, infraestrutura para data centers, supercomputação e transformação digital do país. De acordo com o memorando, o projeto visa alcançar até 2032 uma capacidade de 3 gigawatts, com custo estimado de US$ 65 bilhões - cerca de R$ 357,5 bilhões.
Investimentos
Durante o evento, o BNDES também anunciou que estuda a criação de um fundo dedicado a projetos de data centers e inteligência artificial, com aportes previstos entre R$ 500 milhões e R$ 1 bilhão. A proposta faz parte do plano de retomada dos investimentos em renda variável por meio da BNDESPar, braço de participações do banco.
Segundo Nelson Barbosa, a iniciativa será estruturada dentro do pacote de R$ 10 bilhões já anunciado por Aloizio Mercadante para aplicação em ações de empresas, sendo metade desse valor por meio de fundos de investimento em participações (FIPs).
Por que o Rio?
Além da posição geográfica estratégica, o Rio de Janeiro conta com uma rede de cabos submarinos intercontinentais, o que amplia significativamente sua capacidade de conectividade. Fernanda Belchior, diretora de comunicação e marketing da Elea - empresa idealizadora do projeto - destaca que a iniciativa vai impulsionar o mercado de inteligência artificial, pois o setor demanda atração de investimentos em data centers.
"A cidade do Rio de Janeiro é estratégica, por sua conexão à rede básica de energia ser uma das mais estáveis do mundo, com 99,8% de disponibilidade, que utiliza exclusivamente energia proveniente de fontes renováveis. Além disso, está conectada internacionalmente por cabos submarinos, o que coloca o Rio no epicentro de conectividade, energia e logística estratégica para o setor.", afirmou Belchior.
Outras iniciativas
O Rio Al City não é o único projeto do tipo no Brasil. No Ceará, a Casa dos Ventos - empresa especializada em energia renovável – está investindo em um data center no complexo portuári do Pecém, tema já abordado em reportagem anterior do Resource.
A companhia planeja investir R$ 50 bilhões em um ativo com capacidade de 300 megawatts. Segundo a agência Reuters, a empresa estaria em negociação com grandes players globais, como a ByteDance, proprietária do TikTok.