Crescimento recorde: vacância de 7,9% no Nordeste não freia expansão logística
Com mais de 3 milhões de m² em estoque e novos projetos em ritmo acelerado, a região se consolida como um dos polos logísticos mais estratégicos do país

Nos últimos anos, o Nordeste ultrapassou o Sul e se consolidou como a segunda maior região do país em estoque de condomínios logísticos. Hoje, já são 3,09 milhões de m², de acordo com dados da SiiLA. Só no período entre o 2T24 e o 2T25, foram entregues 434 mil m² de novos empreendimentos - reflexo do movimento de descentralização aliado à expansão do mercado consumidor local.

A vacância, de 7,9%, mostra um cenário peculiar. Embora esteja acima dos índices do Sul (2,7%) e do Centro-Oeste (3,0%), ainda fica abaixo do Sudeste (8,4%). Em outras palavras: há espaço para absorção, e os grandes players já estão de olho. Um deles é a LOG, que anunciou sete projetos na região, com entregas previstas entre 2026 e 2027. Serão mais de 332 mil m² de ABL e R$ 742 milhões em investimentos.
"O Nordeste é considerado um mercado com grande potencial e uma das áreas mais estratégicas para a LOG. A região tem sido mapeada pela empresa há mais de 10 anos, e nós já investimos R$ 1,5 bilhão no Nordeste e projetamos investir outros R$ 1,5 bilhão até o final de 2028, com 40% do plano de expansão focado na região", afirmou Marcio Siqueira, diretor executivo de operações da LOG, ao REsource.
Segundo ele, a carência de infraestrutura logística de qualidade ainda é um gargalo especialmente em áreas densamente povoadas. Mas esse cenário contrasta com a vitalidade econômica da região. A Fundação Getúlio Vargas (FGV) apontou crescimento de 4% no Nordeste em 2024, acima da média nacional (3,8%). Pernambuco e Ceará tiveram desempenhos ainda mais expressivos, com altas de 4,7% e 5,5%, respectivamente.
Não por acaso, os estoques também avançaram nesses estados. Entre 2024 e 2025, o crescimento foi de 16,9% em Pernambuco e 14,7% no Ceará. "Fortaleza é um exemplo emblemático: é a cidade onde a LOG mais entregou ABL em toda a sua história, superando até mesmo a Grande Belo Horizonte, onde iniciamos nossa trajetória há 17 anos", destaca Siqueira.
Projetos no Nordeste
A expansão logística no Nordeste ganha impulso adicional com os investimentos em infraestrutura. No Ceará, o Porto do Pecém vem registrando resultados recordes. Entre janeiro e julho de 2025, a APM Terminals movimentou 389.024 TEUS - um salto de 38,7% em relação ao mesmo período de 2024.
Com esse ritmo, o terminal deve ultrapassar com folga a marca de 500 mil TEUS registrada no ano passado, consolidando-se como um dos principais hubs logísticos do país. O avanço acompanha o desempenho da indústria cearense, que liderou o crescimento nacional no primeiro trimestre, com alta de 39%, segundo o IBGE.
"Este marco não apenas demonstra o potencial da APM Terminals Pecém, como também reflete nossa estratégia contínua de investimentos em infraestrutura, ampliação de capacidade e adoção de novas tecnologias. Esses pilares são essenciais para atender à crescente demanda e fortalecer a logística da região Nordeste, conectando o Brasil ao mundo pela nova rota marítima direta para a Ásia", afirma Daniel Rose, diretor-presidente da APM Terminals Suape e Pecém.
Além do aumento na movimentação de contêineres - impulsionada pelo e-commerce, exportação de frutas e cabotagem -, o porto também cresceu 7% na movimentação geral, somando 11,3 milhões de toneladas. A diversificação de cargas, como algodão, carne, minerais e granito, reforça a posição estratégica do terminal, que agora conta com uma rota direta para a Ásia.
Operações
Mesmo com a alta da vacância no último ano, explicada pela entrada de novo estoque, as empresas seguem ampliando suas operações. A GOLLOG, por exemplo, anunciou em março a expansão no Ceará, motivada pelo crescimento acelerado do e-commerce.
O Mapa da Logística levantamento da Loggi, mostra que o Nordeste está entre as regiões que mais enviam e recebem pacotes no país. Enquanto moda e vestuário lideram as vendas em Sudeste, Sul e Centro-Oeste, no Nordeste o destaque ficou com os serviços financeiros digitais - reflexo da penetração dos bancos digitais, de meios de pagamento alternativos e do fortalecimento do microempreendedorismo.
Esse cenário explica os planos de expansão em novas praças, como detalha Siqueira: “Em Teresina e São Luís, no Piauí e Maranhão, a decisão de investir foi impulsionada por pedidos de clientes. Estudamos essas cidades há cerca de dois anos e sabemos que empresas de e- commerce, alimentos e bebidas e do setor farmacêutico querem operar nessas regiões, mas não encontram estruturas adequadas."