Sidney Angulo revela FII em carteira e como lidou com a hiperinflação
Em entrevista, empresário do setor imobiliário também responde a críticas de Luiz Barsi aos FIIs

Em uma entrevista exclusiva, o empresário Sidney Angulo, sócio do E-Business Park e um dos grandes nomes do mercado imobiliário brasileiro, compartilhou com Rodrigo Cardoso de Castro, sócio do Clube FII, sua vasta experiência de 40 anos no setor, abordando desde os desafios da hiperinflação no Brasil até as estratégias atuais para a construção de patrimônio com fundos imobiliários. Além disso, comentou as críticas de Luiz Barsi aos FIIs e apresentou argumentos em defesa do setor. Você pode assistir ao vídeo completo disponível no canal do Clube FII no YouTube clicando aqui.

Angulo relembrou o cenário econômico turbulento das décadas de 1960 a 1990, marcado pela hiperinflação e por sucessivos planos econômicos que corroíam o poder de compra da moeda. Nesse contexto, ele destacou que o imóvel sempre se consolidou como um "bem de raiz" e uma "moeda forte", servindo como a principal forma de proteção patrimonial para as famílias e investidores. "O imóvel sempre foi um bem de raiz, é um termo que eu uso demais. O bem de raiz imóvel é uma moeda forte, é tijolo", afirmou, ressaltando que essa característica de segurança permanece válida em qualquer cenário político ou econômico.
O empresário enfatizou que a construção de um patrimônio sólido é um projeto de longo prazo, que exige paciência, disciplina e, principalmente, aportes constantes. Para Angulo, o tempo é o maior aliado do investidor. Ele traçou um paralelo entre sua própria jornada, construindo um portfólio de imóveis físicos ao longo de décadas, e a oportunidade que os FIIs oferecem hoje. A capacidade de reinvestir os dividendos mensais para comprar novas cotas acelera o efeito dos juros compostos, algo que é muito mais complexo de se fazer com o aluguel de um imóvel físico.
O Clube FII possui uma ferramenta que mostra graficamente este efeito: você pode ver o impacto do reinvestimento de dividendos acessando o Simulador de Juros Compostos.
Questionado sobre a famosa crítica de Luiz Barsi, que classificou os FIIs como o "conto do vigário", Sidney Angulo demonstrou respeito pelo investidor, mas defendeu fortemente o mercado de fundos imobiliários. Para ele, a lógica de investimento é semelhante à de Barsi com ações: foco no longo prazo e nos dividendos. A grande diferença, segundo Angulo, é a natureza do ativo. "Uma empresa, ela quebra. Prédio não quebra", disse, reforçando que a cota de um FII de tijolo representa a posse de um pedaço de um ativo real e tangível.
Como exemplo prático das oportunidades atuais, Sidney Angulo revelou que possui em carteira o fundo JSRE11, destacando a discrepância entre o valor de mercado da cota e o valor patrimonial dos seus ativos. Ele apontou que o preço por metro quadrado negociado na bolsa é significativamente inferior ao custo de reposição para construir um prédio de qualidade semelhante, evidenciando uma distorção que pode beneficiar o investidor paciente. Embora não venda todos os seus imóveis para migrar para FIIs, ele confirmou que tem aumentado fortemente sua posição no mercado, atraído pela qualidade dos ativos e pelos rendimentos atuais.
Ao final, Sidney Angulo refletiu sobre a evolução do Brasil, que deixou de ser uma "bolha" econômica para se tornar um player relevante no cenário global. Ele concluiu que, apesar dos desafios, o ambiente de negócios é mais estável, e a prosperidade é uma consequência de fazer negócios com ética, manter a mente jovem e buscar o conhecimento contínuo, em vez de focar apenas no acúmulo de capital.