BODB11: Destaque em distribuição total entre os FI-Infra
Nova métrica usada pelo Clube FII considera todas as distribuições realizadas pelos fundos de infra

Com o amadurecimento do mercado de capitais e a consolidação dos fundos de infraestrutura, o Bocaina FI-Infra (BODB11) tem chamado atenção por seu desempenho consistente nas distribuições. Segundo dados do Clube FII, o fundo aparece entre os primeiros colocados no setor quando considerada a distribuição total nos últimos 12 meses, incluindo dividendos e amortizações, superando a média de seus pares. O fundo, que investe em debêntures incentivadas com retorno isento de imposto de renda (IR) para pessoas físicas, possui mais de 23 mil cotistas e registra uma distribuição superior a 16% em 12 meses.
A flexibilidade nas distribuições e a originação própria de ativos estão entre os diferenciais da estratégia adotada, conforme detalhou em entrevista o gestor Gabriel Esteca. Na conversa, Esteca elencou os setores mais promissores, como são realizadas as distribuições e como o portfólio do BODB11 se diferencia dos demais fundos do mercado. Confira a entrevista completa neste link.
BODB11: Pagamento de amortizações de rendimentos e de capital
O BODB11 é um fundo de investimentos focado em ativos de infraestrutura, com uma carteira diversificada de crédito privado. A política de distribuição de resultados se ancora no carrego do portfólio, independentemente de qual rótulo seja dado à distribuição. “Nos fundos fechados e listados em geral, qualquer distribuição realizada aos cotistas é uma amortização de cotas, que pode ser uma amortização de rendimentos, que convencionamos chamar no mercado apenas de “rendimentos” ou uma amortização de capital. Nos FIIs, apenas os “rendimentos” possuem o incentivo fiscal, já nos FI-Infra o efeito dos dois tipos de distribuições é exatamente o mesmo, porque os FI-Infra apresentam a isenção fiscal tanto nas distribuições de rendimentos quanto em eventual ganho de capital que seja oferecido”.
Por isso, o gestor ressalta a importância de que o investidor olhe para o retorno total dos fundos na hora de tomar suas decisões, considerando todas as distribuições realizadas, somadas à evolução da sua cota ao longo do tempo. Olhar somente as distribuições de rendimentos pode levar a uma análise distorcida nos FI-Infra, em sua visão. “Essas duas coisas juntas compõem o retorno total. Então, no caso do BODB11, a gente procura fazer as distribuições com base no carrego do fundo, independentemente de qual rótulo esta distribuição receba”, completa.
O que define se o pagamento em um mês será com rótulo de rendimento ou de amortização é o nível da Nota do Tesouro Nacional série B (NTN-B), um título público do Tesouro Direto que tem sua rentabilidade atrelada à inflação medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) mais um juro prefixado. “Se estamos em momentos de abertura da NTN-B, abertura das taxas da NTN-B, teremos, em geral, um rótulo de amortização de capital. Por quê? O preço da sua cota patrimonial é impactado por essa abertura das taxas. Em um momento contrário, de fechamento das NTN-Bs, ou de manutenção dos níveis de taxa dessas NTN-Bs, devemos observar distribuições no formato de rendimentos”.
Estratégia de alocação com dois principais drivers
O portfólio do Bocaina Infra é construído com uma visão de carregar predominantemente posições estruturais de papéis até o vencimento, mas a gestora tem conseguido explorar oportunidades para geração de ganhos de capital com recorrência. Além disso, como muitas das debêntures no portfólio não estão nas alocações de outros fundos, o BODB11 se diferencia ao apresentar aos seus investidores um alfa descorrelacionado. Em geral, são dois os principais drivers:
- Maior retorno para o mesmo risco (alfa na originação dos ativos)
A Bocaina Capital consegue investir em ativos com retornos acima da média para o mesmo nível de risco, como debêntures AAA com spreads de crédito superiores a 2,5% ao ano, enquanto o mercado apresenta spreads negativos para papéis com este rating atualmente. Isso é possível porque o time origina operações diretamente com emissores, em parceria com os bancos, aproveitando oportunidades que não estariam disponíveis de forma mais ampla. Normalmente, os projetos são de porte médio para o setor (com volumes de R$50 a R$150 milhões), menos arriscados que grandes projetos e com melhor remuneração ajustada ao risco.
“Desenvolvemos um trabalho com esse emissor para que ele esteja pronto para acessar o mercado de capitais. Assim, conseguimos esses ativos com um excelente retorno, maior do que os ativos que estão disponíveis facilmente para compra no mercado secundário. Dá mais trabalho? Dá. Às vezes, é necessário dois anos de trabalho antes de termos o ativo pronto para investir. Mas, no final, quando esse ativo fica passível de investimento, a gente consegue ter essa primeira alavanca que é mais carrego para um patamar de risco equivalente de outros projetos de mercado”.
- Ganho de capital com compressão de taxa
O fundo também gera valor ao vender ativos de renda fixa com compressão de taxa, por exemplo, comprando uma debênture a IPCA+10,5% e vendendo a IPCA+8,5%. Essa diferença de 2 pontos percentuais, multiplicada pela duration do papel, que costuma ser elevada no setor de infraestrutura dado o prazo longo dos financiamentos, pode gerar ganhos de capital relevantes, que permitem distribuições extraordinárias aos cotistas, como ocorreu em julho, quando foi distribuído um valor 30% acima do recorrente.
“Ao obter 2% de compressão, multiplicado por cinco anos de duration, é possível obter 10% de ganho de capital na cabeça em uma venda com essas premissas que eu te comentei. E nós fazemos isso de maneira meio recorrente, porque a gente consegue encontrar esses ativos no mercado com certa frequência dado nosso grau de especialização em infra na Bocaina”.
Oportunidades no setor de infraestrutura
A popularização dos FI-Infra foi impulsionada tanto pelo benefício fiscal oferecido às pessoas físicas quanto pela busca por investimentos menos correlacionados com os ciclos tradicionais de mercado. Nesse cenário, a Bocaina Capital é uma gestora totalmente dedicada à infraestrutura, com um time que traz a experiência em operações no setor realizadas dentro de bancos para a área de gestão de recursos.
Nesse momento, a gestora aposta em setores como saneamento e concessões rodoviárias, buscando maior retorno com risco controlado. “Sem sombra de dúvidas, saneamento atualmente é o setor que tem apresentado a maior quantidade de emissões e onde é mais possível obter bons retornos com um perfil de risco relativamente controlado”, afirma Esteca. Além disso, programas de concessões rodoviárias estaduais como em estados como Mato Grosso, Paraná e Goiás têm trazido ao mercado diversas oportunidades interessantes de financiamento.
Por outro lado, o setor de energia tem sido abordado com mais cautela. “A gente vê um desequilíbrio, com mais risco e menos oportunidades de retorno”, conclui o gestor, citando a dificuldade de escoamento da energia gerada (curtailment) como um dos principais desafios.
Veja detalhes sobre o BODB11 na página do fundo.