FI-Infra: Oportunidades nos setores mais promissores para os próximos anos
Especialistas da Bocaina e BTG Asset analisam o boom dos fundos de infraestrutura e revelam onde estão suas preferências

O mercado de fundos de infraestrutura (FI-Infras) vive um momento de forte expansão, atraindo um volume recorde de capital de investidores em busca de ativos com isenção fiscal. Em entrevista exclusiva, Gabriel Esteca, da Bocaina, e Luís Bolfoni, da BTG Asset, gestores dos fundos BODB11 e BGIF11, respectivamente, analisaram as razões por trás desse movimento, as melhores estratégias de alocação e os setores mais promissores para investir. Você pode assistir o vídeo completo disponível no canal do Clube FII no YouTube clicando aqui.
Segundo os especialistas, a classe de ativos se beneficiou de mudanças regulatórias que afetaram outras opções de investimento com benefício fiscal, como os fundos exclusivos e certos ativos de crédito imobiliário e do agronegócio. "Ao longo de 2024 e 2025, vimos um fluxo muito robusto vindo para esta classe de ativos", destacou Esteca. Bolfoni completou que essa migração aumentou a demanda por debêntures incentivadas, comprimindo seus spreads e criando oportunidades de arbitragem para os FI-Infras listados, que por vezes negociam com deságio em relação ao valor patrimonial.

Ambos os gestores defenderam o investimento através de fundos como a melhor alternativa para a pessoa física. As vantagens são claras: diversificação, gestão profissional dedicada, acesso a um portfólio completo com baixo capital inicial e a otimização fiscal. “É um serviço de construção e acompanhamento de portfólio com um cuidado que traz para o investidor não só conforto, mas também acesso com pouco dinheiro”, afirmou Esteca. Bolfoni acrescentou que a estrutura do fundo permite investir uma parcela de até 15% em ativos não incentivados, que se tornam isentos para o cotista, potencializando os retornos.
As estratégias de gestão, no entanto, podem variar. A Bocaina, com o BODB11, foca na originação e estruturação própria das operações de crédito, buscando projetos que são mal atendidos pelos grandes bancos. Essa abordagem permite capturar taxas mais atrativas e construir um portfólio com maior carrego. Já o BGIF11, da BTG Asset, tem preferência por ativos já performados, ou seja, com a fase de construção concluída, mitigando um dos principais riscos dos projetos. “É a mesma coisa de comprar uma casa pronta versus construir uma do zero”, comparou Bolfoni, que também busca ganhos de capital em oportunidades no mercado secundário, como foi o caso da Light.
Questionados sobre os setores com maiores oportunidades, os gestores apontaram que o cenário é dinâmico. Se no passado os destaques foram energia eólica e solar, hoje os holofotes estão sobre o Saneamento, impulsionado pelo novo marco regulatório, e um “renascimento” do setor de Rodovias, com muitos projetos estaduais. Por outro lado, o setor de geração de energia centralizada enfrenta desafios como o 'curtailment' — um descompasso entre a capacidade de geração e de transmissão que leva ao desperdício de energia. Com preço da energia mais baixo, o gargalo estaria nas linhas de transmissão.
Sobre o futuro, os especialistas citaram o potencial de segmentos como infraestrutura social (hospitais e escolas) e data centers, impulsionados pela demanda de inteligência artificial. A discussão sobre a MP 1303, que pode alterar a tributação do setor, também foi abordada. Embora a medida proponha uma alíquota de 5% para novas emissões a partir de 2026, ambos concordam que o incentivo fiscal, ainda que reduzido, permanece relevante e não deve frear o desenvolvimento de um mercado crucial para o crescimento do Brasil.
Com isso, os fundos de infraestrutura se consolidam como uma ferramenta robusta para diversificação de carteira, geração de renda passiva isenta e uma forma de investir diretamente no crescimento do Brasil. Para os interessados, o Clube FII disponibilizou um guia gratuito sobre o tema, que pode ser acessado gratuitamente neste link.