A prudente entrada no mercado FII
Em entrevista exclusiva ao Clube FII News, Gustavo Kosnitzer, head de mercado de capitais da Warren, explica a estratégia da corretora na indústria de Fundos Imobiliários e os planos para 2022
A corretora e gestora Warren foi fundada em 2017, mas apenas no ano passado ingressou no mercado de Fundos Imobiliários de maneira cautelosa e paciente, estudando cada novo passo dentro da indústria.
Foi coordenadora contratada e também líder de duas emissões de fundos que superaram R$ 1,5 bilhão. Em seguida, no final de 2021, realizou a própria emissão de Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRIs).
“A gente conseguiu mostrar para o mercado FII um alinhamento que começa por custos eficientes”, afirma Gustavo Kosnitzer, mais conhecido como Guto, que reforçou o time da Warren há pouco mais de um ano após experiências no mercado financeiro, além de 14 anos como diretor da incorporadora Rossi.
Ele é o responsável pela área de mercado de capitais da corretora com a missão de levar o modelo de serviço wealth – alta renda - por meio de plataforma digital para investidores de varejo.
O fundamento da Warren, de acordo com Kosnitzer, é não cobrar comissão sobre produtos e sim sobre carteira administrada dos clientes.
“A indústria hoje funciona basicamente em uma esteira de distribuição movida a comissão. E a gente sempre entendia que tem um outro caminho: gestoras e as boas teses com agenda própria e atratividade para o varejo, não por uma boa comissão para quem está oferecendo, mas sim pelo investidor conhecer essa tese”, defende Kosnitzer.
O lançamento do próprio FII ‘de papel’, ou seja, composto por CRIs, estava nos planos de 2021, mas teve que ser adiado devido à piora no cenário econômico. A oferta está suspensa na CVM, a Comissão de Valores Mobiliários, desde o fim do ano passado. No entanto, a operação está no horizonte de 2022.
“Tão logo melhore, a gente volta com essa emissão. A situação está se estabilizando. O cenário está voltado para o fundamento bem mais rápido do que a ente imaginava. Em dezembro, já aconteceu isso”, afirma Kosnitzer.
Além do fundo de papel, os planos da Warren são de ampliar a atuação em outro segmento FII.
“O primeiro vai ser de papel, de CRI, mas a gente tem também no pipeline um fundo de tijolo que a gente quer fazer e buscar esta classe de ativos sempre com teses diferenciais em relação ao mercado”.
Renda fixa x FIIs
Kosnitzer comentou a migração dos investidores dos Fundos Imobiliários para os investimentos em renda fixa como consequência da alta da taxa básica de juros no país.
“O fundo de papel nada mais é do que um fundo de renda fixa fechado e listado. Os fundos de CRI têm entregue 14% líquido, mas o investidor tem migrado para uma renda fixa sem liquidez para ganhar 6% mais inflação, em torno de 8% líquido. A cota caiu justamente por esse movimento”, explica.
O head de mercado de capitais da Warren diz que respeita os movimentos do mercado e a vontade do investidor, mas entende que o fundamento é mais forte.
“Os Fundos Imobiliários são uma classe de ativos que está crescendo e vai crescer cada vez mais. Naturalmente, vai voltar”, afirma.
Um momento aguardado atenta e pacientemente por Kosnitzer e pelo time da Warren, no ritmo prudente que escolheram para atuar no mercado FII.
“A gente só quer ir no momento certo para, justamente, na hora em que o investidor entrar, ele ver um momento bom, de mercado com uma volatilidade menor. Esse é o nosso objetivo”, conclui.