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    Lista de credores da Americanas tem cerca de 30 razões sociais ligadas a Fundos Imobiliários

    Dois FIIs reportaram oficialmente a investidores valores de ‘créditos concursais’ sujeitos aos efeitos da recuperação judicial

    Por Luciene Miranda
    quinta-feira, 26 de janeiro de 2023 Atualizado

    A lista de credores da Americanas entregue nesta quarta-feira (25) à 4ª Vara Empresarial do Rio de Janeiro dentro do processo de recuperação judicial da varejista inclui cerca de 30 razões sociais vinculadas a Fundos Imobiliários, de acordo com o levantamento preliminar das áreas de Research, Educação e Comunicação do Clube FII. Dos FIIs expostos, MAXR11 e LVBI11 já emitiram comunicados ao mercado.

     

    Após o primeiro informe divulgado pelo FII Max Retail (MAX11) confirmando exposição de 57,9% da receita à companhia, o fundo VBI Logístico (LVBI11) – que já havia relatado o problema à reportagem do Clube FII News – reportou que o imóvel logístico Aratulog - alugado em Salvador, na Bahia, pela Americanas - possui créditos concursais (sujeitos aos efeitos do processo de recuperação judicial) no valor de R$ 871.938,78 presentes na lista de credores da varejista.

     

    Lista de credores da Americanas tem cerca de 30 razões sociais ligadas a Fundos Imobiliários
    Fundos Imobiliários expostos à Americanas vêm à tona: cerca de 30 razões sociais vinculadas a FIIs estão na lista de credores da varejista (Foto: Divulgação)

     

    De acordo com o BTG Pactual e o VBI, administrador e gestor do fundo, a Associação da Instituidora e dos Locatários do VBI Log Aratu - entidade responsável pelo custeio da gestão das áreas comuns do empreendimento - é titular de créditos alegadamente concursais no valor de R$ 386.232,58.

     

    Em 1 de junho de 2021, o FII VBI Log concluiu a aquisição de 70% do capital social da empresa Aratulog Armazenagem, detentora do ativo na região metropolitana de Salvador.

     

    LEIA MAIS: MAXR11 - CRISE DA AMERICANAS CHEGA OFICIALMENTE AO MERCADO DE FUNDOS IMOBILIÁRIOS

     

    Ainda segundo o comunicado, o LVBI11 não tem aluguel devido pela Americanas referente a dezembro de 2022 para pagamento em janeiro de 2023.  

     

    “Desta forma, o FII VBI Log irá apurar a natureza de referidos créditos, sendo que o aluguel referente à ocupação do imóvel pela locatária no mês de janeiro de 2023 é devido em fevereiro de 2023”.

     

    A administradora e a gestora do LVBI11 informaram também que estão acompanhando o caso para tomar todas as medidas necessárias junto com o assessor legal da Aratulog.

     

     

    Entenda a escalada do caso Americanas

     

    A Americanas divulgou no último dia 11 de janeiro inconsistências contábeis inicialmente de R$ 20 bilhões, e depois oficializadas em mais de R$ 40 bilhões. Logo após o primeiro anúncio, o diretor presidente e o diretor de Relações com Investidores da varejista renunciaram aos cargos.

     

    Uma semana depois, a companhia teve as notas de classificação de risco reduzidas para D (Default) – risco de calote - nas escalas nacional e internacional pela agência S&P Global.

     

    Após o escândalo, a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) – órgão regulador do mercado financeiro – abriu sete processos administrativos para a apuração da fraude contábil. Além disso, divulgou canais de denúncia.

     

    LEIA: GESTORES DE FUNDOS IMOBILIÁRIOS EXPOSTOS À AMERICANAS SE REÚNEM NA PRÓXIMA SEMANA

     

    A B3, bolsa brasileira, excluiu a Americanas de 14 de seus índices. A medida foi adotada também pela FTSE Russell, que tem o índice FTSE Global All Cap.

     

    Bancos estão entre os principais credores e tentam na justiça o bloqueio de bens da companhia.

     

    Nesta quarta-feira (25), a varejista entregou à justiça a lista de credores aos quais deve R$ 41,2 bilhões. São 7.967 nomes contendo bancos públicos e privados nacionais e um estrangeiro, empresas de tecnologia, fabricantes de chocolate e de eletrodomésticos, além de Fundos Imobiliários.

     

     

    Fundos Imobiliários se preparam para o embate judicial

     

    Um dos maiores riscos enfrentados pelos Fundos Imobiliários expostos a Americanas durante o processo de recuperação judicial é a permanência da locatária em situação de inadimplência durante toda a ação por determinação do juiz.

     

    Segundo especialistas ouvidos pela reportagem do Clube FII News, um processo de recuperação judicial pode durar, no mínimo, quatro anos, dependendo da quantidade de empresas envolvidas na ação.

     

     

    Por isso, gestores de fundos e assessores jurídicos preparam dois principais argumentos para enfrentar o pior cenário: alegar adimplência da Americanas antes de ter entrado com o pedido de recuperação judicial, em 19 de janeiro, e também destacar a natureza dos imóveis alugados não ser essencial dentro do plano de saneamento das finanças da companhia.

     

    LEIA TAMBÉM: RECUPERAÇÃO JUDICIAL AMPLIA RISCO A FUNDOS IMOBILIÁRIOS COM AMERICANAS COMO LOCATÁRIA

     

    Nestes casos, a justiça costuma nomear consultores especializados para a averiguação de informações sobre as empresas envolvidas nos processos.

     

    “Como o juiz não possui conhecimento técnico para avaliar as discussões que são levadas à justiça, ele nomeia um auxiliar para trazer os esclarecimentos e avaliações sobre o tema para a tomada de decisão”, afirma Luiz Deoclécio Fiore de Oliveira, presidente da OnBehalf Auditores e Consultores.

     

    Apesar da alegação dos fundos sobre a adimplência da Americanas antes do início do processo, Oliveira esclarece que qualquer valor devido entra na ação, mesmo que não seja vencido.

     

    “Toda dívida constituída até a data do pedido, mesmo que não seja vencida, fica atrelada à negociação coletiva. Não se pode pagar mais enquanto não se negociar com todo mundo dentro de uma proposta de pagamento apresentada pela empresa em recuperação judicial ao juiz”.

     

    No entanto, o especialista pondera que, dependendo da composição do Fundo Imobiliário, o aquecimento do varejo e da demanda por galpões pode atenuar ou neutralizar o problema no caso de retomada do imóvel.

     

    “Mas, antes, haverá uma discussão grande sobre essa exposição”, conclui.

     

     

    Veja a lista preliminar das razões sociais vinculadas a Fundos Imobiliários entre os credores da Americanas

     

    Razão social   Fundo Imobiliário
    CSHG LOGÍSTICA – FUNDO DE INVESTIMENTO IMOBILIÁRIO – FII HGLG11
    CSHG LOGISTIVA - FII HGLG11
    FUNDO DE INVEST IMOB - FII MAX RETA MAXR11
    XP LOG FUNDO DE INVESTIMENTO IMOBILIARIO - FII XPLG11
    FUNDO DE INVESTIMENTO IMOBILIÁRIO ANCAR IC E BRASCAN SHOPPING CENTERS LTDA ANCR11
    CONDOMÍNIO SHOPPING CENTER PENHA HGBS11
    COND TIVOLI SHOP CENTER HGBS11
    COND CV C SHOP SAO BERNARDO HGBS11
    COND DO SHOP PRAÇA DA MOÇA HGBS11
    CONDOMÍNIO GOIABEIRAS SHOPPING CENT HGBS11
    COND VIA PARQUE SHOP. CENTER HGBS11 & FVPQ11 & XPML11
    BRESCO LOGISTICA FUNDO DE INVESTIMENTO IMOBILIARIO BRCO11
    ASSOCIACAO DA INSTITUIDORA E DOS LOCATARIOS DO VBI LOG ARATU LVBI11
    CONDOMINIO DO SHOPPING PRAIA DA COS VISC11
    PORTO VELHO SHOPPING S.A. VISC11
    COND CIVIL PANTANAL SHOPPING VISC11
    COND DO CENTER SHOPPING RIO VISC11
    CONSORCIO EMPREEND SH GRANJA VIANNA VISC11 & HSML11
    CONSORCIO ILHA PLAZA VISC11 & BPML11
    CONSORCIO EMP CRYSTAL P SHC CENTER VISC11
    FDO INVEST.IMOBIL SHOP PRQ D PEDRO PQDP11 & SHDP11B & HPDP11
    COND. SHOPPING CENTER PLAZA SUL XPML11
    SHOPPING CAXIAS EMPREEND. IMOB. LTD XPML11
    CONDOMINIO SPO MACEIÓ MALL11
    CONS EMP DO LONDRINA NORTE SHOPPING BPML11
    CONSORCIO BOULEVARD VILA VELHA LASC11
    FUNDO DE INVES IMOB VIDA NOVA -  FII FIVN11
    RB CAPITAL PETROS FUNDO DE INVESTIMENTO IMOBILIÁRIO - FII NÃO LISTADO
    FDO DE IMOBILIÁRIO PATEO MOINHOS VE NÃO LISTADO

     


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