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    MAXR11 - Crise da Americanas chega oficialmente ao mercado de Fundos Imobiliários

    Fundo Max Retail divulga comunicado sobre presença na lista de credores da varejista entregue à justiça nesta quarta-feira (25)

    Por Luciene Miranda
    quinta-feira, 26 de janeiro de 2023 Atualizado

    O Fundo Imobiliário Max Retail (MAXR11) divulgou comunicado nesta quarta-feira (25) em que confirma a presença na lista de credores da Americanas entregue horas antes à 4ª Vara Empresarial do Rio de Janeiro que, no último dia 19 de janeiro, aceitou o pedido de recuperação judicial da companhia.

     

    O Fundo Imobiliário com um total de 4.132 cotistas tem 57,9% da receita mensal vinculados à locação de imóveis para a Americanas. A varejista deve aluguel no valor de R$ 514.179,37, referente a dezembro de 2022 e com vencimento em janeiro. A quantia foi incluída como crédito concursal, ou seja, crédito existente no dia do protocolo do pedido de recuperação judicial e sujeita aos efeitos do processo, de acordo com o BTG Pactual, administrador do MAXR11.

     

    MAXR11 - Crise da Americanas chega oficialmente ao mercado de Fundos Imobiliários
    MAXR11, presente da lista de credores da Americanas entregue à justiça, é o primeiro Fundo Imobiliário que reporta exposição ao rombo nas finanças da varejista (Foto: Divulgação)

     

    Ainda de acordo com o BTG Pactual, o aluguel da Americanas com vencimento em janeiro representa R$ 0,46 por cota do MAXR11.

     

    O banco administrador do fundo também informou que acompanha e toma medidas jurídicas sobre o caso desde o dia 11 de janeiro – dia do primeiro comunicado da Americanas sobre a inconsistência contábil - em conjunto com a consultoria Soulmalls que atua na administração de centros comerciais.

     

    Na ocasião, a Americanas reportou ao mercado um rombo de R$ 20 bilhões que teve como consequência a renúncia do CEO (diretor-presidente), Sergio Rial - que permaneceu apenas 10 dias no cargo, além do diretor de Relações com Investidores, André Covre.

     

    LEIA TAMBÉM: QUEDA BRUTAL NA AMERICANAS AFETOU OS FUNDOS IMOBILIÁRIOS?

     

    A lista de credores entregue pela Americanas à justiça consta um total de dívida de R$ 41,2 bilhões junto a bancos brasileiros públicos e privados – inclusive o BTG Pactual que é administrador do MAXR11 – além do banco alemão Deutsche Bank, as empresas de tecnologia Google, Apple e Facebook, fabricantes de chocolates e de eletroeletrônicos.

     

    O MAX11 possui imóveis alugados para a Americanas em Taguantinga e Brasília, no Distrito Federal, além dos estados do Rio de Janeiro, Pará, Espírito Santo e Alagoas.

     

    O fundo opera com desconto significativo: o valor patrimonial – referente aos ativos da carteira – é de R$ 138,5 milhões e o valor de mercado – relativo às cotas negociadas na B3 – está em R$ 70,1 milhões.

     

    LEIA MAIS: RECUPERAÇÃO JUDICIAL AMPLIA RISCO A FUNDOS IMOBILIÁRIOS COM AMERICANAS COMO LOCATÁRIA

     

    No pregão da bolsa de valores desta quarta-feira (25), a cota do MAXR11 fechou a R$ 62,32 com alta de 1,59% antes da notícia de presença do fundo na lista de credores da Americanas. O comunicado foi divulgado ao mercado à noite.

     

    O dividendo mensal pago ao cotista do FII mantém regularidade de valor desde outubro de 2022 a R$ 0,65 por cota com um ligeiro aumento no pagamento de janeiro de 2023 a R$ 0,67 por cota. O último pagamento foi em 13 de janeiro.

     

    "O MAX Retail coloca que a Americanas responde por 57,9% da receita, o que representa R$ 0,46 por cota. Se a gente olhar o histórico de rendimentos do fundo, pode haver uma grande redução na distribuição", afirma Arthur Vieira de Moraes, professor de Finanças e sócio-diretor de Educação e Comunicação do Clube FII. 

     

    Um levantamento feito pela área de Research do Clube FII no dia seguinte ao escândalo apontou a exposição de, pelo menos, nove Fundos Imobiliários ao rombo da Americanas.

     

    Gestores dos principais FIIs se reuniram no início desta semana para decidirem possíveis medidas conjuntas de redução dos riscos com a exposição à varejista.

     

    Um dos principais riscos à indústria de Fundos Imobiliários, segundo Carlos Ferrari - advogado especialista em mercado financeiro ouvido pela reportagem do Clube FII em 20 de janeiro - é o juiz no processo de recuperação judicial da Americanas determinar a permanência da varejista nos imóveis alugados para lojas e centros logísticos mesmo em situação de inadimplência durante todo o processo que pode durar, no mínimo, quatro anos. 

     

    Para Moraes, as informações aporesentadas no comunicado do MAXR11 podem ser interpretadas como um problema que só está no começo.

     

    "Eles estão dizendo que é só o início da novela. É evidente que há todo um corpo jurídico e de assessores que vão tomar as medidas necessárias. Uma das possíveis é a impugnação desse crédito, o que representa afirmar que o crédito não deveria estar na lista de credores da recuperação judicial. Isso porque há entendimentos no Direito de que a lista deve constar o que estava vencido e era devido. Se o aluguel não estava atrasado, pode ser contestado", conclui.


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