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    Gestores de Fundos Imobiliários expostos à Americanas se reúnem na próxima semana

    Reunião tem o objetivo de definir possíveis medidas conjuntas de mitigação de riscos, afirma diretor da gestora do GGRC11

    Por Luciene Miranda
    sexta-feira, 20 de janeiro de 2023 Atualizado

    Gestores de Fundos Imobiliários expostos ao risco de calote da Americanas participarão de um encontro previsto para a próxima segunda-feira (23) ou terça-feira (24) para discutir ações conjuntas com o objetivo de minimizar riscos de calote da varejista.

     

    A informação foi confirmada por Diego Santos, sócio e diretor de Engenharia e Novos Negócios da Zagros Capital, gestora do fundo do segmento de imóveis logísticos GGR Covepi (GGRC11).

     

    Gestores de Fundos Imobiliários expostos à Americanas se reúnem na próxima semana
    Varejista aluga entre 10 e 12 galpões logísticos em todo o país, segundo estimativa do GGRC11. Muitos imóveis fazem parte da carteira de diferentes Fundos Imobiliários (Foto: Divulgação)

     

    “Existe obviamente a concorrência entre os fundos, mas a gente entende que o nosso setor ainda está em crescimento e ainda não chegou ao ápice em número de investidores e fundos. Então, existe uma troca de informações muito grande entre gestores justamente para entender esses momentos mais turbulentos e encontrar os melhores caminhos a serem seguidos”.

     

    Santos não descarta uma ação conjunta de Fundos Imobiliários em relação ao risco nos contratos de locação com a Americanas.

     

    “O principal objetivo desse bate-papo entre gestores é tentar entender se coletivamente a gente seria mais forte nas possíveis ações a serem tomadas no futuro em relação à Americanas”.

     

    Segundo levantamento da área de Research do Clube FII, pelo menos, nove FIIs estão expostos à Americanas: MAXR11, VLOL11, PVBI11, GGRC11, XPLG11, LVBI11, BRCO11, VIUR11, RBRL11 e HGLG11.

     

    O risco passou a ser maior após a justiça ter acatado o pedido de recuperação judicial da varejista nesta quinta-feira (19).

     

    LEIA TAMBÉM: RECUPERAÇÃO JUDICIAL AMPLIA RISCO A FUNDOS IMOBILIÁRIOS COM AMERICANAS COMO LOCATÁRIA

     

    Dentro de um processo de recuperação judicial, se o juiz entender que o imóvel é fundamental para a atividade da empresa e o sucesso do plano proposto para a recuperação da saúde financeira, ele pode permitir a permanência desta locatária mesmo em caso de inadimplência durante a toda a ação.

     

    Um processo de recuperação judicial de uma empresa de grande porte pode durar, no mínimo, quatro anos, segundo especialistas. 

     

    No caso do fundo GGRC11, a Americanas representa 19% da receita por meio da locação de um galpão logístico em Uberlândia, Minas Gerais.

     

     

    Atualmente, galpão de Uberlândia (MG) alugado para Americanas é de propriedade de dois Fundos Imobiliários: 80% pertencem ao GGRC11 e 20% são do HGLG11  (Foto: Divulgação - Zagros Capital)

     

     

    O imóvel tem 90 mil metros quadrados e, no momento, ainda está em processo de aquisição pelo GGRC11 de outro fundo, o CSHG Logística (HGLG11).

     

    Até a quitação da transação no total de R$ 253 milhões com a última parcela no final de março de 2023, a proporção de propriedade do imóvel é de 80% pertencentes ao GGRC11 e 20% ao HGLG11.

     

    LEIA MAIS: QUEDA BRUTAL NA AMERICANAS AFETOU OS FUNDOS IMOBILIÁRIOS?

     

    Segundo Ana Caroline Reis, sócia e diretora jurídica e de Compliance da Zagros, o HGLG11 é o atual locador. Portanto, a exposição do GGRC11 é indireta.

     

    “Somos compromissários compradores e recebemos receita de locação. Em caso de inadimplência, quem tem o direito de executar ainda é o HGLG11 e o GGRC11 tem o direito de receber as indenizações”.

     

    O GGRC11 só poderá agir junto à locatária Americanas após o pagamento da última parcela de R$ 51,5 milhões ao HGLG11, quando deterá 100% do imóvel.

     

    “Mesmo antes desse último pagamento, qualquer atitude será de comum acordo entre os dois fundos”.

     

     

     

    Quanto cai o dividendo do cotista em caso de inadimplência da Americanas?

     

    O valor do dividendo mensal pago pelo GGRC11 aos cotistas não tem uma regularidade. A última distribuição foi de R$ 0,95 por cota referente a dezembro, paga em 9 de janeiro.

     

    Se este valor for tomado como base, uma eventual inadimplência da Americanas representaria uma redução de 19%, ou seja, de R$ 0,18 na cota. O total cairia para R$ 0,77 por cota para os mais de 100 mil cotistas do fundo.

     

     

    Galpão em Uberlândia (MG) com 90 mil metros quadrados dos Fundos Imobiliários HGLG11 e GGRC11 alugado para a Americanas  (Foto: Divulgação - Zagros Capital)

     

     

    O galpão de Uberlândia representa o principal ativo da carteira do fundo, com peso de 24,25% no portfólio.

     

    No entanto, a carteira é pulverizada com a presença de 18 imóveis ao todo em diferentes regiões brasileiras.

     

     

     

    O risco de Americanas inadimplente durante a recuperação judicial

     

     De acordo com Diego Santos, a operação da Americanas no galpão de Uberlândia atende um total de 12 estados, mas não se trata da unidade mais estratégica para a varejista.

     

    Ele estima que a companhia ocupe até 12 galpões distribuídos pelo país, muitos deles pertencentes a outros Fundos Imobiliários.

     

     

    Operação da Americanas em galpão de Uberlândia (MG) atende um total de 12 estados, segundo Fundo Imobiliário GGRC11  (Foto: Divulgação - Zagros Capital)

     

     

    “Trata-se do quinto imóvel com a maior operação da Americanas no Brasil”.

     

    O fato do galpão de Uberlândia não ser estratégico para a varejista é avaliado pela área jurídica da Zagros como ponto favorável que afasta a possibilidade de um juiz determinar uma eventual permanência no local durante todo o processo de recuperação judicial mesmo em situação de inadimplência, de acordo com Ana Caroline Reis.

     

    “A Americanas está adimplente com o fundo nos seus contratos de locação. Então, não existe um crédito habilitado para ir para uma recuperação judicial”.

     

    Em um cenário da empresa ficar inadimplente após o início do processo de recuperação judicial, a lei determina que uma ação de despejo é um direito ilíquido, segundo Reis.

     

    “Direitos ilíquidos não são suspendidos. Dentro de um cenário de inadimplência, o fundo poderia esperar as moras previstas no contrato e, em seguida, entrar com ação de execução para vencer antecipadamente o contrato”.

     

    Reis explica que a justiça costuma determinar a permanência do inquilino em recuperação judicial inadimplente no imóvel apenas quando se trata do único local de operação dele.

     

    “O imóvel precisa ser considerado essencial para que a empresa se recupere”, conclui.


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