Espaços flexíveis ajudam a atrair pessoas de volta ao presencial, dados mostram expansão expressiva
A retomada de grandes locações mostra que a presença física voltou a ser prioridade para companhias em busca de produtividade e colaboração

Desenvolvimento econômico, novas empresas e expansões são alguns, de muitos movimentos que fazem com que o mercado de escritórios cresça, porém outro fator crucial é a volta ao presencial. Após a pandemia, especialmente depois de 2023, foi possível notar uma redução na vacância dos escritórios, segundo dados da SiiLA.

Esse movimento foi observado em todo o país. Utilizando São Paulo como exemplo, os números se mostram ainda mais acentuados. Empresas como a Amazon, possuía um modelo majoritariamente a distância, mas políticas internas da companhia fez com que essa prática acabasse, o que refletiu na locação de um prédio inteiro na região de Pinheiros. Dados do Market Analytics mostram uma sequência trimestral na queda de vacância, apesar do novo estoque de escritórios em todos os trimestres.
Espaços flexíveis e a sublocação
Por: Siila
Outro fator que contribui para a volta do presencial é a maior possibilidade de modelos de locação. A pandemia consolidou ainda mais o modelo de escritórios flexíveis e coworking, permitindo que empresas e profissionais independentes possam locar um espaço corporativo sem precisar investir em mobiliário e reformas e ainda sim estar em uma região premium, como explica Pedro Vasconcellos, CEO interino da Woba.
"Os escritórios flexíveis representam uma maneira mais inteligente de se gerir os espaços de trabalho, substituindo a rigidez dos contratos tradicionais por uma gestão mais fluida e adaptável, que permite às empresas ajustarem-se rapidamente às mudanças e necessidades, promovendo agilidade e sustentabilidade na volta ao presencial", conta ao REsource.
De acordo com o Censo Coworking 2025, o mercado de coworking cresceu 30,14% entre 2023 e 2024, passando de 2.986 para 3.886 espaços. Na região sudeste esse crescimento foi ainda maior, a região é a "principal base de crescimento", com um crescimento de 106,52%, indo de 949 para 1.962 unidades.
Dados da SiiLA mostram que atualmente o mercado de coworking ocupa 310 mil m² em todo o Brasil, o número poderia ser ainda maior, visto que a WeWork, uma das maiores do segmento, fechou diversas unidades devido a uma crise econômica.
Mesmo assim, Vasconcellos explica que os escritórios flexíveis ainda possuem um papel fundamental no retorno ao presencial. "O escritório flexível tem um papel crucial no retorno ao presencial, pois transforma o espaço de trabalho em um local acessível e adaptável, capaz de oferecer infraestrutura de qualidade em diferentes cidades. Isso permite que empresas criem hubs e pontos de encontro presenciais fora da sede, mantendo a consistência na experiência de trabalho e minimizando a distância entre os times, sejam eles locais ou remotos", comenta.
Os desafios da volta ao escritório
Apesar do avanço do modelo presencial, ainda há resistência por parte dos funcionários em retornar ao escritório. Renata Freires, especialista em gestão de pessoas e CEO da RHF Talentos, explica que o caminho está no alinhamento de expectativas e na resiliência.
"A sugestão inicial é alinhar expectativas entre empresa e colaborador e oferecer um modelo híbrido, equilibrando dias presenciais e remotos. É fundamental que o presencial tenha um valor real, com reuniões produtivas e trocas que sejam de fato significativas. Outro fator que pode facilitar a negociação é a flexibilidade de horário e a oferta de bons benefícios", comenta.
Segundo Freires, também é importante evidenciar como a presença no escritório fortalece a equipe e contribui para o crescimento profissional, aumentando o engajamento. Ela ressalta que a flexibilidade precisa ser mútua: tanto do colaborador, ao aceitar determinados dias presenciais, quanto da empresa, ao adaptar demandas.
"Caso não haja acordo, é necessário avaliar se a função pode ser realizada de forma remota ou se, de fato, exige presença física", conclui.