O avanço da economia depende de reformas pelo novo presidente
André Freitas, CEO da Hedge Investments, falou ao Clube FII News sobre Fundos Imobiliários e a rápida recuperação do setor de shopping centers que pode ser freada sem reformas na economia em 2023

As projeções para o setor de Shopping Centers até o fim de 2022 são ótimas, segundo André Freitas, CEO e CIO da Hedge Investments, gestora que conta com quatro Fundos de Investimentos do segmento dentre um total de nove listados na B3, a bolsa brasileira.
Conhecido no mercado pelo grande conhecimento do setor e da economia em geral, Freitas falou ao Clube FII News também sobre os desafios que o varejo terá em 2023, caso reformas na economia não sejam implementadas pelo presidente eleito.

“Uma coisa que está muito ausente no debate público nestas eleições é quais são as medidas dos eventuais novos governantes. Tanto a campanha do Lula, quanto a campanha do Bolsonaro, de fato, não explicitam o que querem fazer”.
Freitas vai além nas críticas aos dois candidatos mais bem colocados nas pesquisas de intenção de votos.
“O tempo inteiro, Lula fala que não pode prometer ou fazer nada, e que pode colocar o Alckmin como ministro da Economia. Ninguém está sendo muito claro. O Bolsonaro, por seu lado, fez medidas que podem ser consideradas eleitoreiras como essas questões de bolsa caminhoneiro, bolsa táxi, o próprio aumento para a enfermagem. Seria ótimo poder pagar isso para todo mundo, mas a verdade que é a gente tem um orçamento restrito”.
O executivo complementa que, do ponto de vista fiscal, o governo atual precisa fazer ajustes.
“A realidade é outra. Houve um crescimento de arrecadação puxado pelo consumo que foi usado para, efetivamente, fomentar os gastos públicos, principalmente, de forma assistencialista. Ninguém discute a necessidade de ajudar pessoas com um menor poder aquisitivo e que tangenciam a linha de pobreza absoluta e a fome. Só que as pessoas precisam ter coragem de ir a público e dizer que nós não temos balanço para suportar isso”.
Freitas também se diz preocupado com os efeitos da escalada dos juros básicos no setor de Shopping Centers.
“No ano que vem, o crescimento [econômico] deve ser menor pelo efeito da alta taxa de juros que vai contratar um crescimento menor do PIB – Produto Interno Bruto – principalmente nos primeiros três ou seis meses do ano, com a diminuição do consumo”.
O CEO lembra que fevereiro e março costumam ser meses de baixo consumo e considerados os piores do ano no setor de Shoppings.
“São meses de ressaca para Shoppings após as vendas do Dia das Mães, Black Friday e Natal”, explica.
Projeções otimistas para 2022
Embora o cenário de 2023 para o setor de Shopping Centers seja de menor crescimento, as perspectivas para este ano são muito animadoras após todo o impacto da pandemia de Covid-19 no segmento, de acordo com André Freitas.
“Foi o setor que mais sofreu, principalmente, no segundo e terceiro trimestres de 2020, mas depois começou a respirar e, agora, é o segmento com o melhor desempenho do ano até agora. Provavelmente, será o melhor no encerramento de 2022, com crescimento de 20% a 25%. A gente volta para onde estava e segue dependendo, óbvio, dos desdobramentos da política econômica com o próximo Presidente da República”.
A retomada dos eventos presenciais e o controle maior da pandemia a partir da vacinação e da imunização da população levaram o movimento nos shoppings a superar o nível de 2019, ano anterior à crise sanitária pela Covid-19, segundo Freitas.
“Quando a gente olha essa amostragem nos 18 shoppings em que a gente investe, é possível ver que 2/3 já estão superando 2019 não só em vendas, como também em resultados – o chamado NOI que é o Net Operating Income”.
O CEO também destaca a recuperação por segmento do IFIX – o Índice de Fundos de Investimentos Imobiliários da B3 - em que os FIIs de shoppings são os que mais sobem, levando em cota a distribuição do dividendo somada à valorização da cota.
“A alta é de 16,2% em 2022 e supera os FIIs de renda urbana (+11,75%), o próprio IFIX (+8,99%), os fundos de logística, os FOFs, além dos fundos de fundos, os de CRI – Certificados de Recebíveis Imobiliários e os corporativos”, conclui.