Faturamento de shopping centers volta ao índice pré-pandemia
Segundo a Abrasce, estabelecimentos faturaram R$ 191,8 bilhões no ano passado, valor similar ao de 2019 e superior às projeções da entidade

Após a tempestade causada pela pandemia da Covid-19, a bonança parece ter chegado ao segmento dos shopping centers. Levantamento da Abrasce (Associação Brasileira de Shopping Centers) aponta que o setor registrou um faturamento de R$ 191,8 bilhões, se aproximando do volume registrado em 2019 e com crescimento de 20,5% comparado a 2021.

Os dados fazem parte do Censo Brasileiro de Shopping Centers 2022-2023 e superam as projeções feitas da própria Abrasce no início do ano passado, quando estimou um crescimento de 13,8%.
O aumento nas vendas nos shoppings foi gradual e contínuo em 2022. Descontada a inflação do ano de 5,8%, o crescimento real foi de 14,7%, bem acima do comércio de rua, que teve alta de 4,9%, conforme o Índice Cielo de Varejo Ampliado (ICVA).
Para o presidente da Abrasce, Glauco Humai, o resultado positivo do ano passado é um grande indicativo de como o setor foi resiliente e se superou após a crise provocada pela Covid-19. “O setor acelerou o número de inaugurações, observou a taxa de vacância retomar aos patamares pré-pandemia e está caminhando para a recuperação total das perdas relacionadas a este último período”, afirma.
No cenário macroeconômico, Humai destaca “a diminuição da pressão inflacionária e a retomada no crescimento de postos de trabalho, culminando em uma maior massa de rendimentos, principalmente no segundo semestre, contribuíram para o crescimento do setor”.
Inaugurações
No ano passado, foram inaugurados oito shopping centers, contra cinco registrados em 2021. Com isso, o número de empreendimentos em operação foi de 628 shoppings, contra 620 no intervalo anterior. Neste ano, a previsão é de 15 novas inaugurações, sendo oito na Região Sudeste, três na Região Nordeste, dois na Região Sul, um na Região Norte e um na Região Centro-Oeste.
Em Área Bruta Locável (ABL), essa expansão representa um aumento de 1,6% sobre o ano anterior, com um total de 17,5 milhões de metros quadrados, ante os 17,2 milhões apontados em 2021.
O número de lojas também cresceu e chegou a 115 mil, um acréscimo de 2,7% na comparação com 2021 (112 mil lojas). O número médio de visitantes ao mês foi de 443 milhões, o que representa uma elevação de 11,6% sobre 2021, quando a média mensal foi de 397 milhões de pessoas. Em termos de vacância, esse patamar foi de 5,6% em 2022, o que nos deixa mais próximos dos níveis pré-pandemia, de 4,7% registrados em 2019.
Postos de trabalho
Em 2022, o setor gerou 1,044 milhão de empregos, alta de 2,3% em relação ao ano anterior (1,02 milhão). Já as vagas de estacionamento totalizaram 1,037 milhão, acréscimo de 1,9% sobre 2021 (1,018 milhão). Já em relação às salas de cinema, o montante totalizado foi de 3.051 unidades, crescimento de 1,1% sobre o período anterior.
Impacto para os FII
O Sócio - Diretor de Research do Clube FII, Danilo Barbosa, destaca que o ano de 2022 foi, de fato, um marco. “O setor conseguiu superar a crise iniciada em 2020 e voltou a atingir os níveis de antes da pandemia, pensando nas vendas totais. No entanto, se você aplicar a inflação, ainda há um cenário de queda”.
Para o ano de 2023, porém, ele prevê um crescimento menor. “O número de visitas ainda não seguiu esse ritmo de vendas”.
Em relações aos investimentos nos fundos imobiliários, Barbosa recomenda cautela. "Existem fundos que já recuperaram preço de cota e outros que ainda apresentam elevado desconto no valor patrimonial”.