Vale a pena investir em FII do governo?
O Clube FII News ouviu com exclusividade o pioneiro do mercado de Fundos Imobiliários que foi consultado pelo Ministério da Economia sobre o projeto

A próxima segunda-feira (17) é o prazo limite para os participantes do mercado de Fundos Imobiliários manifestarem interesse em participar das reuniões presenciais para a criação dos FIIs do governo.
A novidade vem repercutindo desde o fim do ano passado quando importantes nomes da indústria começaram a ser procurados pelo Ministério da Economia, que tem demonstrado preocupação em criar FIIs em linha com as demandas do mercado.

Um dos especialistas procurados é Sergio Belleza Filho, criador do primeiro Fundo Imobiliário do Brasil na década de 1990. Ele esteve com a equipe técnica e com o secretário especial de Desestatização, Desinvestimento e Mercados, Diogo Mac Cord.
No projeto ‘Incorpora Brasil’, o governo pretende reunir mais de 300 imóveis públicos em fundos imobiliários de segmentos específicos, a exemplo de Desenvolvimento e Logística.
“Eles não estão a fim de impor um modelo. Estão procurando o mercado para modelar essa operação da forma mais factível para o setor”, afirmou Belleza.
Entre os imóveis previstos para compor os FIIs do governo estão o aeroporto Carlos Prates, em Belo Horizonte, Minas Gerais, além da área Beira-Mar Sul, em Florianópolis, Santa Catarina.
Belleza entende que, por se tratar de um projeto do governo, a iniciativa privada tem receio de aderir em um primeiro momento.
“A gente sabe que, muitas vezes, os negócios não têm continuidade pelos mandatos dos governos. Mas, nesse caso da Secretaria de Desestatização, o projeto traz bastante mais ânimo porque me parece muito profissional para que possa durar por vários mandatos, não apenas um”, explicou.
O especialista ainda comparou o projeto dos FIIs do governo com os Fundos Imobiliários já existentes no mercado que, na grande maioria, têm investidores em busca de renda frequente e imediata.
“Esses fundos que o governo está criando são diferentes. Não promovem uma expectativa de renda imediata para receber mensalmente. São para quem tem espírito de investir em projetos de médio e longo prazos que são o ciclo do mercado imobiliário. É para investidor mais profissional, qualificado, a exemplo dos institucionais, fundos de pensão, estrangeiros, empresas do ramo e gestoras de recursos no setor imobiliário”, detalhou.
Ainda segundo Belleza, a proposta do governo é fazer os fundos com imóveis de modo que o administrador e o gestor estudem as melhores propostas do mercado para o desenvolvimento de empreendimentos com a captação de recursos e o aumento de capital desses fundos.
No modelo, de acordo com o especialista, a participação do governo inicialmente de 100% seria reduzida aos poucos, conforme o patrimônio do fundo aumentasse e os empreendimentos começassem a gerar renda. “Ao final, o governo teria o dinheiro recuperado de forma bastante eficiente e transparente”.
Belleza também acredita que o FII seja uma alternativa mais viável ao governo para capitalizar com os imóveis públicos.
“Eu sou bastante otimista. Se eles conseguirem ir ao mercado de uma forma bastante justa, contratar empresas competentes para fazer a administração e gestão e, principalmente, buscar parceiros para fazer os empreendimentos, eu não tenho dúvida de que o modelo do Fundo Imobiliário é muito melhor do que a venda direta pelo governo que é limitada pela legislação muito rígida”, concluiu.
O período de sondagem do governo para a criação dos FIIs está previsto para encerrar em 29 de março. O e-mail para a participação no processo é o [email protected].