Com o anúncio do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central a respeito da manutenção da taxa de juros básica da economia brasileira (Selic) em 15% ao ano, a visão do Clube FII é de que a decisão tem impacto limitado para os Fundos Imobiliários. No entanto, apesar de o mercado já antecipar que a taxa ficaria estável, os investidores buscavam pistas com uma sinalização de cortes no futuro. O Copom manteve um discurso firme, reforçando o compromisso com juros elevados por mais tempo.

“O Banco Central havia sinalizado anteriormente que esse seria o patamar de fim de ciclo, devendo se manter por um período prolongado. A principal surpresa veio no tom da comunicação: esperava-se uma leve flexibilização em relação à postura mais dura da reunião anterior, possivelmente indicando proximidade do fim do ciclo de estabilidade e início de cortes em 2026”, destaca Lana Santos, analista do Clube FII.

Ainda que o Copom reconheça o arrefecimento da inflação, o BCB destacou o cenário externo incerto e lembrou que as expectativas de inflação medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) para 2025 e 2026 estão acima da meta, em 4,5% e 4,2%, respectivamente, de acordo com os últimos dados do Boletim Focus, o que justifica a manutenção da política monetária restritiva. Já a projeção do Copom para o segundo trimestre de 2027, considerado o horizonte relevante de política monetária, é de 3,3% no cenário de referência.

Manutenção e impactos nos FIIs

O entendimento do Clube FII é de que o impacto do anúncio é limitado. “Em primeiro lugar, porque o cenário já estava amplamente precificado, com o mercado ciente da manutenção da Selic. E, em segundo lugar, porque os FIIs reagem muito mais à curva de juros futura do que à taxa básica em si. Após o comunicado do Copom, essa curva se fechou levemente, passando a negociar em torno de 7,20%, o que impulsionou as cotações — o IFIX, por exemplo, acumula alta de cerca de 15% no ano”, completa Santos.

FIIs de Recebíveis: A valorização teria sido fortemente sustentada pelos rendimentos dos FIIs de recebíveis, beneficiados pela inflação mais alta nos últimos meses. “Com o IPCA mostrando sinais de desaceleração em outubro, é possível que os dividendos desses fundos sofram uma pequena redução nos próximos dois a três meses”.

FIIs de tijolo: Enquanto isso, para essa classe de ativo, a taxa de juros em patamar elevado e a curva longa em patamar restritivo limitam uma recuperação mais expressiva. “Mesmo com a alta dos FIIs no ano, esses fundos seguem negociando com descontos relevantes, o que cria oportunidades interessantes no médio prazo. Com o mercado imobiliário aquecido e uma mola de preços ainda comprimida, o fechamento mais consistente da curva — e, futuramente, o início dos cortes de juros — deve impulsionar uma valorização mais forte dessas cotas”, argumenta.

Mesmo com juros elevados, o mercado apresenta oportunidades. A percepção do Research do Clube FII é de que a manutenção da Selic não altera de forma significativa o cenário para os FIIs no curto prazo. “O impacto mais relevante tende a ser uma leve redução dos rendimentos dos fundos de recebíveis, enquanto os fundos de tijolos permanecem como as principais oportunidades para investidores que buscam ganho de capital quando os juros começarem a cair”, conclui a analista.

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