Joaquim Levy abre o Fórum GRI 2022
Ex-ministro da Fazenda com passagens pelo FMI, BID e Banco Mundial falou sobre o cenário para Brasil e mundo em painel moderado por Arthur Vieira de Moraes, sócio diretor do Clube FII

Os desafios do próximo presidente na economia do país, o cenário internacional do pós pandemia e o horizonte no mercado de Fundos Imobiliários e Fiagros foram alguns dos assuntos discutidos no painel de abertura do Fórum GRI 2022 com a participação do economista Joaquim Levy, ex-ministro da Fazenda com passagens pelo FMI - Fundo Monetário Internacional, BID – Bando Interamericano de Desenvolvimento e Banco Mundial.
Atualmente, Levy é diretor de Estratégia Econômica e relações com Mercados do Banco Safra.

A moderação do painel foi de Arthur Vieira de Moraes, professor de Finanças e sócio diretor do Clube FII, que lembrou do último encontro com o economista ter sido ainda durante a pandemia e em meio aos protocolos de segurança.
O economista concordou sobre o alívio com o fim da crise sanitária e falou sobre os rumos da economia global a partir de agora, principalmente nos Estados Unidos.
“O problema é mais complicado quando há um choque e todo o mundo está endividado. Na situação atual, pode haver um mergulho rápido [crise], mas depois reorganiza [a economia] para recomeçar”, explicou.
Levy falou também sobre inflação e câmbio em outros mercados, principalmente com o impacto da guerra na Ucrânia iniciada após a pandemia.
“Na China, por exemplo, o iuan escorregou bastante e já estão vendendo dólar por lá. Na Europa, o choque de energia abalou bastante a economia na ordem de 3% do PIB [Produto Interno Bruto]”.
Moraes perguntou sobre os juros no Brasil - atualmente em 13,75% ao ano - se permanecerão altos por tempo prolongado.
“Dinheiro demais na praça sempre resulta em aumento de preços. Ontem, teve decisão do Copom e a gente vai manter a taxa Selic por mais tempo. Se a inflação arrefecer para o ano que vem, vai chegar o momento da meta ser reavaliada. Tudo vai depender do Fed - Federal Reserve, o banco central norte-americano. Enquanto o Fed estiver subindo, o Banco Central aqui não vai poder reduzir.”
Moraes também perguntou sobre o mercado imobiliário no Brasil e os financiamentos no setor por meio de investimentos alternativos, entre eles os Certificados de Recebíveis Imobiliários – os chamados CRIs – presentes em carteiras de Fundos Imobiliários.
“Tudo vai depender da dinâmica dos juros. Com a redução, começa a virada no setor imobiliário. E o mercado de capitais é a forma de canalizar recursos para a indústria. É a poupança privada - via instrumentos financeiros - que cada vez mais vai financiar o setor”.
No agronegócio, os Fundos de Investimentos das Cadeias Produtivas Agroindustriais – os Fiagros – são, na visão de Levy, uma alternativa de financiamento ao agronegócio na comparação com o Plano Safra do governo.
“Fiagro é uma maneira de capturar, no médio prazo, o aumento de produtividade da terra pelo efeito do preço da terra. Tem um trabalho de educação do investidor pela frente”.
Moraes encerrou o painel com uma pergunta sobre tributação e como é a conversa sobre aumento de impostos dentro do governo.
"Incentivo fiscal precisa sempre ser avaliado. Tem o ramo do ICMS e PIS-Cofins e o imposto sobre consumo para fazer um alinhamento das alíquotas e não acabar na desindustrialização do país. Senão, depois, não adianta ficar chorando. Depois, a reforma do imposto de renda. Mas a prioridade, na minha opinião, é a reforma do IVA", conclui.
O Fórum GRI 2022 acontece nesta quinta-feira (27) no Tivoli Mofarrej, na cidade de São Paulo, em versão híbrida, ou seja, com participações presencial e online.
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