IPCA desacelera para 0,47% em maio
Entenda qual o impacto no mercado de Fundos Imobiliários nas visões dos especialistas Felipe Ribeiro e Thiago Otuki

A inflação oficial medida pelo Índice de Preços ao Consumidor – Amplo apontou alta de 0,47% em maio após registrar avanço de 1,06% em abril, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
No acumulado de 12 meses, o índice teve alta de 11,73% em uma desaceleração em relação a abril quando registrava 12,13%.

O item Vestuário teve o maior peso no indicador com 2,11%, seguido por Transportes com 1,34% e Saúde com 1,01%. Já o item Habitação foi o único que apresentou recuo, com menos 1,70%.
De acordo com o economista do Clube FII, Thiago Otuki, a notícia é positiva para o mercado e para toda a população porque o IPCA de 0,47% em maio ficou abaixo da expectativa dos economistas que projetavam uma inflação de 0,60%.
“Como havia comentado na divulgação do IPCA anterior, alguns especialistas em política monetária já apontavam que abril foi o pico do IPCA que passou por um movimento de aceleração de dois anos - do acumulado de 12 meses de 1,88% em maio de 2020 para 12,13% em abril de 2022 - e que, a partir de agora, a tendência é de desaceleração”.
No entanto, o economista alerta sobre a importância de haver paciência nesse processo porque o IPCA deve desacelerar aos poucos e a previsão de convergir ao centro da meta de inflação de 3% é somente para abril de 2024, se não ocorrer nenhum choque global de preços no período.
Para o mercado de Fundos Imobiliários, Otuki afirma que o cenário positivo é para os FIIs de Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRI) e Fiagros - Fundos de Investimentos nas Cadeias Agroindustriais - que têm títulos indexados ao IPCA.
“De certa forma, estes FIIs são uma proteção contra a inflação na carteira do investidor. Só que a distribuição extraordinária desses últimos dois anos, possivelmente, não deve ocorrer na mesma magnitude. Isso também não quer dizer que o investidor deva vender toda a sua posição do segmento de recebíveis. Pelo contrário, é importante manter algum peso para diversificar a carteira”.
Felipe Ribeiro, sócio responsável pela área de dados de Certificados de Recebíveis Imobiliários do Clube FII, disse que costumava observar nos últimos meses uma comemoração de investidores em Fundos Imobiliários nas redes sociais e fóruns do próprio Clube FII quando a notícia era de alta da inflação.
“Agora que a inflação começa a arrefecer, os investidores também deveriam comemorar. Afinal, estávamos muito próximos de um cenário de juros reais – juros nominais menos a taxa de inflação – negativos. Agora, o cenário é de juros positivos, o que representa melhora na economia como um todo”.
Ribeiro lembra que a situação favorece a sobra de caixa dos pagadores e, desta forma, o maior fluxo para o pagamento dos financiamentos imobiliários.
“Toda vez que a inflação está muito alta, há uma preocupação por parte dos credores com a pressão no bolso dos devedores. Quando esse cenário começa a se reverter, como começa a acontecer, nós que somos credores na qualidade de detentores de Fundos Imobiliários de Certificados de Recebíveis Imobiliários podemos ver isso com bons olhos caso a situação seja contínua”.
Ribeiro explica ainda que a desaceleração da inflação poderá gerar uma série de dividendos mais baixos para os cotistas dos FIIs de recebíveis vinculados ao IPCA.
“A visão é positiva, mas ressaltando a importância de manter uma parcela do portfólio para fundos de CRI vinculados à inflação”, conclui.