Inflação do aluguel atinge 0,81% em março
IVAR da FGV teve desaceleração na comparação mensal, mas recorde de alta no acumulado de 12 meses

Esta semana, o Instituto Brasileiro de Economia (IBRE) da Fundação Getúlio Vargas divulgou o Índice de Variação de Aluguéis Residenciais (IVAR) que subiu 0,81% em março de 2022.
O indicador mostrou uma desaceleração em relação à taxa mensal de 2,92% do mês passado.

No entanto, em 12 meses, o índice passou a acumular variação de 6,24%, a maior nesta base de comparação desde o início da série histórica em janeiro de 2019, de acordo com a FGV.
Entre fevereiro e março, a taxa de variação mensal do IVAR desacelerou em todas as cidades componentes do índice.
Mas, considerando a métrica de taxas acumuladas em 12 meses, o índice caminhou no sentido oposto e registra aceleração em quase todas as cidades componentes do IVAR entre fevereiro e março.
São Paulo passou de 2,83% para 4,09% e Rio de Janeiro foi de 4,90% para 7,27%. Apenas em Porto Alegre, o índice recuou de 5,46% para 4,98%.
O IVAR foi desenvolvido para medir a evolução mensal dos valores de aluguéis residenciais do mercado de imóveis no Brasil com informações obtidas diretamente de contratos assinados entre locadores e locatários sob intermediação de empresas administradoras de imóveis.
Antes, a FGV recolhia dados de anúncios de imóveis residenciais para locação, e não os valores negociados.
De acordo com Nicola Tingas, economista-chefe da Acrefi, a Associação Nacional das Instituições de Crédito, Financiamento e Investimento, os aluguéis são parte importante da cesta de manutenção de milhares de famílias e representam uma parcela de índice de preços ou de custo de vida, ou seja, a inflação.
Por isso, as despesas com locação de moradia são parte importante do alto nível de endividamento no país.
O endividamento das famílias atingiu nível recorde em março a 77,5%, maior nível da série histórica da pesquisa iniciada em 2010 pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC).
“Todo consumo, despesa de manutenção de vida – a exemplo da moradia - ou poupança e investimento compartilha da mesma renda. São as saídas de caixa versus as entradas de caixa, ou seja, o fluxo de caixa que pode ter saldo positivo, zero ou negativo”.
Tingas explica que, se a renda é insuficiente para todas as contas de desembolso, acontecem alternativas como a redução de uma ou mais despesas com a escolha das prioritárias, além do aumento da renda ou obtenção de renda extra para dar conta do mesmo nível de despesas.
No entanto, o economista alerta que a 'saída' mais preocupante utilizada pelas famílias é a utilização de fontes de crédito para bancar as despesas na esperança de que, depois, haverá solução para o caixa insuficiente.
“Dívida para complementar renda insuficiente é a pior escolha e o caminho do desastre financeiro”, conclui.