O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central decidiu por unanimidade o aumento da Taxa Selic em 1 ponto percentual, passando de 11,75% para 12,75% ao ano.

A decisão de hoje já era aguardada pelo mercado e dá sequência ao ciclo de aperto monetário do BC. 

De acordo com o economista Thiago Otuki, a autoridade monetária não tem muita saída dentro do cenário inflacionário já concretizado na última semana com o IPCA-15 acumulado em 12 meses em 12,03%. Ele ainda lembra que estamos em um contexto global de inflação e juros em elevação nos países desenvolvidos.

“Temos que aguardar a Ata do Copom para prever os próximos passos. De qualquer forma, pelo Boletim Focus, já temos a expectativa de uma Selic em 13,25%, ou seja, a probabilidade de uma nova elevação na reunião de junho é grande. Algumas projeções de instituições importantes do mercado já apontam uma taxa de juros em 14% para o final desse ciclo”.

O economista ainda destaca que a inflação sofreu impacto de fatores externos, a exemplo da guerra Ucrânia-Rússia e da alta de casos de Covid-19 em cidades importantes da China como Xangai.

“Será um ano desafiador ainda para os investidores com as eleições e possíveis impactos nos juros longos”.

Otuki lembra que sempre comenta no Clube FII o fato dos juros longos serem uma referência para os preços dos FIIs negociados na B3. O Tesouro IPCA+ 2035 passou de uma taxa de 5,34% no início de abril para 5,68% nesta quarta-feira (4).

“Do ponto de vista estratégico, é importante o investidor de FIIs entender que este ciclo de alta da Selic de 2% para 13% vai começar a surtir efeito na inflação, ou seja, esperamos um IPCA menor nos próximos meses”.

O mercado acredita que o cenário vai promover uma migração de investidores dos fundos de papel, com portfólio de certificados de recebíveis imobiliários, para os fundos de tijolo, com base em imóveis.

“Essa tão falada virada de mão dos FIIs de Papel para Tijolo deve ser bem avaliada na composição de carteira principalmente para os mais arrojados que buscam um retorno em ganho de capital maior”, conclui.

A próxima reunião do Copom será nos dias 14 e 15 de junho.