Conforme esperado, Copom mantém taxa Selic em 15% ao ano
Colegiado não descarta retomar ciclo de ajustes se entender necessário

Ao final da reunião de dois dias, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central decidiu, de forma unânime, nesta quarta-feira (17), manter a taxa de juros básica da economia brasileira (Selic) em 15% ao ano, conforme esperado pelo mercado. O colegiado entende que essa decisão é compatível com a estratégia de convergência da inflação para a meta e destacou que, em ambiente de maior incerteza, é preciso ter cautela na condução da política monetária, sem descartar a retomada no ciclo de ajuste se for necessário.
“O cenário segue sendo marcado por expectativas desancoradas, projeções de inflação elevadas, resiliência na atividade econômica e pressões no mercado de trabalho. Para assegurar a convergência da inflação à meta em ambiente de expectativas desancoradas, exige-se uma política monetária em patamar significativamente contracionista por período bastante prolongado”, apontou o comunicado do Copom.
Ambiente externo incerto exige cautela
De acordo com o documento, o ambiente externo segue incerto diante das políticas adotadas pelos Estados Unidos e marcado pelas tensões geopolíticas, o que exige cautela por parte de países emergentes. No mercado local, o documento citou a moderação no crescimento da atividade econômica, mas dinamismo no mercado de trabalho e inflação acima da meta.
“O Comitê segue acompanhando os anúncios referentes à imposição de tarifas comerciais pelos EUA ao Brasil, e como os desenvolvimentos da política fiscal doméstica impactam a política monetária e os ativos financeiros, reforçando a postura de cautela em cenário de maior incerteza”, completou.
Balanço de riscos do Copom
O colegiado mencionou riscos altistas e baixistas para a inflação, sendo os riscos de alta a desancoragem das expectativas inflacionárias, a resiliência na inflação de serviços e políticas econômicas com impacto inflacionário maior do que o esperado, como uma taxa de câmbio mais depreciada por período prolongado.
Por outro lado, foram citados como riscos de baixa uma possível desaceleração da atividade econômica doméstica mais forte do que o previsto, uma desaceleração global mais acentuada diante de choques no comércio e maior incerteza, além de uma diminuição nos preços das commodities com efeitos desinflacionários.
Expectativas de mercado
A política monetária restritiva adotada pelo Banco Central visa conter as pressões inflacionárias, tendo em vista a inflação acima da meta. Após recuar 0,11% em agosto, a inflação oficial medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) acumulada em 12 meses chega a 5,13%, de acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), acima do centro da meta estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), de 3%, e do limite superior de 4,5% (banda de 1,5 ponto percentual).
No último Boletim Focus, divulgado pelo BC nesta segunda (15), economistas consultados pela autarquia projetaram uma inflação de 4,83% ao final de 2025, com uma Selic de 15%. Para 2026, a estimativa para o IPCA é de 4,30%, enquanto, para 2027, de 3,90%. No comunicado, o Copom divulgou sua projeção para a inflação no primeiro trimestre de 2027, atual horizonte relevante de política monetária, que está em 3,4% no cenário de referência.