Banco Central eleva Taxa Selic para 11,75% ao ano
Comitê de Política Monetária do BC decide por unanimidade aumentar taxa básica de juros do país em 1,0 ponto percentual

O Banco Central elevou a taxa básica de juros – Taxa Selic – em 1,0 ponto percentual, de 10,75% para 11,75% ao ano.
A decisão unânime do Comitê de Política Monetária do BC foi anunciada agora há pouco, mais de duas horas após o encerramento dos negócios na B3 nesta quarta-feira (16).

Esta foi a segunda reunião do comitê em 2022. Na última reunião de fevereiro, a elevação da taxa básica foi de 1,5 ponto percentual.
Segundo o economista do Clube FII, Thiago Otuki, o novo aumento da Selic e a expectativa de uma taxa de, pelo menos, 12,75% em 2022 deve levantar debates além da perspectiva de impacto negativo nos preços dos ativos negociados em bolsa. O dia-a-dia do brasileiro também será mais desafiador.
“Em um ano eleitoral, todos deveriam olhar o assunto com atenção, pois uma taxa elevada afeta a vida de forma direta em toda a população”.
O economista explica que vivemos uma tempestade perfeita desde de 2020.
“Primeiro, houve um choque de oferta derivado da pandemia que afetou boa parte da cadeia produtiva. Agora, há um novo choque de oferta devido à guerra e o consequente aumento do petróleo e demais commodities”.
Otuki destaca que o problema no enfrentamento destes choques é que o Brasil tem um histórico ruim na questão fiscal e na condução da política econômica de forma geral.
Ele lembra que o sistema de metas de inflação foi desenhado para absorver esse tipo de choque sem a necessidade de aumentos sucessivos dos juros para controlar a inflação. A questão é que a inflação oficial medida pelo IPCA fica parte relevante do tempo já no teto da meta ou muito acima.
“Se a inflação estivesse no centro da meta no acumulado de 12 meses, ou seja, em 3,5% para o ano de 2022, teria ainda um grande espaço para absorver esse choque de oferta”, afirma.
Neste contexto, o economista aconselha o investidor - principalmente os mais conservadores - a alocar parte relevante de sua carteira de FIIs no segmento de recebíveis imobiliários, os chamados Fundos Imobiliários de papel.
“Temos opções de fundos que possuem parte dos títulos indexados ao CDI/Selic. Na minha visão, os indexados ao IPCA também são atrativos. Temos que lembrar o conceito de retorno nominal e real. O primeiro obstáculo é superar a inflação para obter um retorno real positivo”, conclui.