Por que o Brasil recebe o 1º data center do TikTok na AL
Conectividade e energia renovável atraem projeto de mais de R$ 200 bi no Ceará, previsto para 2027
A decisão do Tik Tok de instalar seu primeiro data center na América Latina no Brasil reforça o papel estratégico do País na expansão da infraestrutura digital global. O anúncio, feito na última quarta-feira (3), se baseia em uma combinação de fatores que posicionam o Brasil como ambiente mais preparado para receber projetos de grande escala: robustez energética, conectividade internacional e capacidade de expansão territorial para operações críticas.
O empreendimento será construído no Complexo do Pecém, no Ceará, em um aporte estimado em mais de R$ 200 bilhões até 2035, incluindo R$ 108 bilhões a serem alocados para equipamentos de alta tecnologia. A escolha do local está diretamente ligada ao ecossistema tecnológico que se formou na região nos últimos anos. O estado abriga a maior concentração de cabos submarinos de fibra óptica da América Latina, conectando o País a EUA, Europa e África por rotas de baixa latência, um ativo decisivo para empresas que dependem de processamento massivo de dados.
"Esse é um passo decisivo para reforçar nossa contribuição ao ecossistema digital brasileiro", afirmou Monica Gueisi, head de políticas públicas do TikTok. Segundo ela, o projeto combina "inovação tecnológica, impacto socioeconômico e sustentabilidade", pilares que sustentam a decisão de operar no País e aprofundar a infraestrutura local de dados.
Infraestrutura

Cabos submarinos em Fortaleza - Fonte: GOV.BR
A operação deve consumir cerca de 300 megawatts, energia suficiente para abastecer uma cidade de 500 mil habitantes, e será suprida exclusivamente por novos parques eólicos criados para atender ao projeto. A solução energética foi articulada com Casa dos Ventos e a Omnia, operadora de data centers do grupo Pátria Investimentos. Para a Casa dos Ventos, o projeto sinaliza uma convergência entre infraestrutura digital e transição energética no País. "Fornecer energia 100% renovável para um empreendimento dessa magnitude é um marco para o Ceará e para a infraestrutura sustentável no Brasil", destacou Lucas Araripe, diretor-executivo da companhia.
Nordeste protagoniza desenvolvimentos
Para Rodrigo Abreu, CEO da Omnia, o empreendimento marca uma nova etapa para o Nordeste no mapa da tecnologia global. "Esta parceria reúne conhecimento técnico, escala e infraestrutura para entregar um data center orientado à inovação e à sustentabilidade. Coloca o Nordeste no centro das transformações globais em tecnologia e energia limpa", afirmou.
Com o projeto, o Pecém se aproxima de se tornar um dos centros mais relevantes de infraestrutura digital do País, impulsionando setores como energia, real estate industrial e soluções de conectividade e consolidando o Nordeste no mapa das transformações tecnológicas que moldam a próxima década.