E-commerce avança na ocupação de galpões logísticos e novos contratos devem ampliar mais a presença
Apesar de o setor de transporte e logística liderar em contratos com mais de 10 anos, empresas como Shopee e Mercado Livre puxam as ocupações mais recentes

Um levantamento recente da SiiLA mapeou os tempos de permanência das empresas em condomínios logísticos no estado de São Paulo. O resultado confirma uma nova tendência: embora o setor de transporte e logística ainda seja líder quando se trata de contratos de longo prazo, o e-commerce já domina os contratos mais recentes - e tende a ocupar cada vez mais espaço.

A análise divide as ocupações em quatro faixas de tempo: menos de 3 anos, entre 3 e 5 anos, de 5 a 10 anos e acima de 10 anos. Em todas elas, o recorte por segmento e por ocupante revela mudanças importantes no perfil dos inquilinos logísticos.
Segmentos: da consolidação à diversificação
Entre as ocupações com menos de três anos, o setor de transporte e logística ainda lidera com folga: são 200 operações, quase três vezes mais que o segundo colocado, o setor de bens de consumo. No grupo de 3 a 5 anos, a liderança continua, mas com menor intensidade – são 29 operações do setor logístico.
Por: Siila
A partir dos cinco anos, o cenário se diversifica. O segmento de transporte e logística continua relevante, mas passa a dividir espaço com áreas como alimentos e bebidas, indústria automotiva e tecnologia.
Na faixa mais longeva, com contratos acima de 10 anos, surgem setores mais estruturados, que operam com contratos atípicos de longo prazo. O destaque ainda é transporte e logística (127 ocupações), seguido de indústria automotiva (29) e alimentos e bebidas (23).
Segundo Guilherme Trotta, diretor comercial da LOG CP, a atividade do inquilino influencia diretamente o tempo de permanência. "Em geral, contratos típicos não superam 5 anos. Já contratos de 10 anos ou mais estão na categoria de atípicos, como os modelos build-to-suit (BTS). Um exemplo é o setor farmacêutico, que busca prazos longos por conta dos altos investimentos necessários para a operação", explica.
Ocupantes: o e-commerce assume o protagonismo
Quando o foco se volta para os principais ocupantes, empresas de e-commerce ganham destaque absoluto entre os contratos mais recentes. Shopee e Mercado Livre lideram com 18 e 10 ocupações, respectivamente, em três anos. Amazon, DHL e Assaí Atacadista também figuram entre os principais nomes.
Na faixa de três a cinco anos, o e-commerce continua forte: Shopee, Mercado Livre e Amazon seguem como ocupantes relevantes, agora acompanhados por empresas como a Dux Nutrition.
De cinco a 10 anos, a liderança continua com o Mercado Livre, porém com uma presença cada vez menor. Os ocupantes dessa faixa estão empresas como DHL, Madeira Madeira, Amazon e Ford.
Por: Siila
Entre cinco e dez anos, o Mercado Livre ainda aparece no topo, embora sua presença diminua. Outros nomes da faixa incluem DHL, MadeiraMadeira, Amazon e Ford. Já entre os ocupantes com mais de dez anos de permanência, o cenário muda completamente. Nesse grupo, o e-commerce desaparece - dando lugar a empresas como Kuehne + Nagel, PepsiCo, Ambev, Foxconn e Iron Mountain, todas com operações sob medida e contratos robustos.
A ausência de players de e-commerce entre os inquilinos mais antigos evidencia o quão recente é a ascensão do setor no Brasil, que ganhou tração especialmente a partir da pandemia, há cerca de cinco anos atrás. Um bom exemplo é o Parque Logístico Barueri, um projeto da Brookfield desenvolvido exclusivamente para o Mercado Livre. Recentemente, a empresa também assinou um contrato BTS de 12 anos em um ativo na região de Cajamar, que está sendo desenvolvido pela Zolver.