RELG11 anuncia interrupção de pagamentos mensais de dividendos a cotistas
Fundo Imobiliário REC Logística alegou ter adotado medida para cumprir obrigações. Gestor se manifesta nas redes sociais para detalhar o caso relacionado à aquisição na Bahia

O Fundo Imobiliário REC Logística (RELG11) informou por meio de comunicado nesta terça-feira (4) que não fará distribuição mensal de dividendos aos cotistas a partir do resultado caixa de março deste ano.
De acordo com a BRL Trust, administradora do RELG11, o motivo para a adoção da medida é viabilizar o cumprimento das obrigações financeiras do fundo.

Ainda de acordo com o comunicado, o resultado caixa acumulado não distribuído será incorporado ao valor patrimonial, podendo ainda ser distribuído tão logo ocorra um ou mais eventos de liquidez para a quitação das obrigações do RELG11.
“Essa medida tem por objetivo proteger a saúde financeira e o interesse dos cotistas do fundo”, informou a administradora.
A BRL Trust também ressaltou que, junto com a equipe da REC Gestão de Recursos, continua a trabalhar para a venda de ativos do portfólio do fundo.
Atualmente, o RELG11 tem 7.558 cotistas.
O valor patrimonial do fundo – referente aos ativos do portfólio – é de R$ 162,4 milhões. Já o valor de mercado – relativo às cotas negociadas na B3 – é de R$ 84,9 milhões.
A última distribuição realizada pelo fundo foi paga em 14 de março no valor de R$ 0,70 por cota, referente aos rendimentos de fevereiro e equivalente a um dividend yield de 0,99%.
Explicações ao mercado via rede social
Moise Politi, gestor do RELG11, deu esclarecimentos sobre a medida por meio de uma rede social.
“Não é uma coisa confortável, mas em termos de preservação de patrimônio, é uma coisa positiva na nossa visão”.
Politi explicou que, quando o fundo realizou a aquisição de imóveis, um deles foi adquirido com compra a prazo diante da expectativa de que, no futuro, seriam feitas novas emissões de cotas para viabilizar o pagamento da compra.
Ao Clube FII News, o gestor confirmou que o imóvel é TERCAM Camaçari, na Bahia, descrito no relatório gerencial do RELG11 como REC Log Camaçari. O imóvel tem 49.441 metros quadrados de área bruta locável (ABL), 82% de ocupação e custou ao fundo R$ 65,1 milhões.
No momento, o REC Log Camaçari está alugado para as empresas V-Log, Decminas, Transparaná e IBL com contratos típicos que vencem entre 2023 (três deles) e 2024.
“Quando se acha uma boa oportunidade para investir em determinado imóvel, mas o fundo não tem caixa suficiente, assim como a pessoa física, pode comprar para pagamento a prazo”, afirmou o gestor durante a live.
Politi ressaltou que a medida não se trata de uma perda para o investidor porque o dinheiro retido é para o pagamento das obrigações com o vendedor do imóvel.
“Os R$ 0,70 por cota ficam retidos no fundo. Eles não desaparecem. Não evaporam. A única coisa que acontece é que este dinheiro não estará no bolso do investidor. Estará dentro do fundo”.