Preço pedido em escritórios de alto padrão em São Paulo sobe 15% em um ano
Aumento das locações e diminuição da taxa de vacância, abaixo de 20% pela primeira vez no pós-pandemia, impulsionam preços na capital paulista

Vacância em baixa e preços pedidos em alta nos escritórios de alto padrão na capital paulista. O valor solicitado para escritórios AA & A em São Paulo atingiu R$109 m²/mês no primeiro trimestre de 2025, um aumento de 5% na base sequencial e de 15% ano a ano. A taxa de vacância, por sua vez, caiu para 18,3%, uma diminuição de 2,6 pontos percentuais frente ao trimestre anterior e de 4,8 pontos percentuais em relação ao mesmo período de 2024. Com a diminuição, é a primeira vez em que a taxa de vacância fica abaixo de 20% desde a pandemia, de acordo com levantamento da JLL, consultoria especializada no mercado imobiliário.

Segundo Caio Maia, head de pesquisa e estratégia da JLL, o preço subiu 15% em um ano por dois motivos. “Um foi a entrega do novo estoque ao longo do ano passado e do começo do ano, agora com o preço pedido acima da média na cidade, até porque é um prédio que foi entregue recentemente, o preço pedido acaba sendo mais alto. Isso faz com que o preço médio na cidade suba”.
Além disso, algumas regiões apresentaram aumento de preço diante de um mercado aquecido, que levou à queda da taxa de vacância. “Ano passado foi um ano muito bom de absorção bruta, de absorção líquida, e isso fez com que o mercado respondesse também. Já existem alguns prédios em algumas regiões onde o preço pedido hoje é maior do que o ano passado e isso faz com que a média na cidade acabe aumentando”, completa.
O estoque total somava 5 milhões de m² no final do primeiro trimestre, enquanto a área vaga era de 917 mil m². O estoque entregue, por sua vez, foi de 8 mil m². A absorção bruta chegou a 187 mil m² e a absorção líquida atingiu 105 mil m². Como comparação, no ano passado como um todo, o estoque entregue totalizou 179 mil m², a absorção bruta 528 mil m² e a absorção líquida 295 mil m².
Taxa de vacância abaixo de 20% pela primeira vez no pós-covid
Pela primeira vez após a pandemia, a taxa de vacância dos escritórios alto padrão em SP está abaixo de 20%. Na opinião de Maia, entre os fatores que levaram a essa diminuição estão o alto volume de absorção e o baixo volume entregue.
“Nesse trimestre, teve recorde de absorção bruta e de absorção líquida, que foi 105 mil metros quadrados. E isso, junto com o baixo volume de novo estoque entregue, que foi de só 8 mil metros quadrados, fez com que a taxa de vacância caísse bastante. O que explica também muito essa absorção líquida forte foi a absorção de grandes blocos, grandes absorções”, detalha.
Nesse trimestre, SP registrou o maior volume de absorções acima de 3 mil m² desde 2016, e o segundo maior acima de 10 mil m². "Então, esses grandes blocos acabam impulsionando, inflacionando também os números de absorção bruta e líquida. Esse não é um dado atípico também, o volume de grandes blocos já vinha aumentando desde 2023, 2024, 2025, as grandes absorções estavam voltando, e nesse primeiro trimestre ela voltou bem forte”, completa.
A demanda também aumentou, com empresas que formalizaram suas entradas, previstas para o final do ano passado, somente no primeiro trimestre de 2025, levando à diminuição na taxa de vacância. Assim, a tendência para curto e médio prazo é de que esse volume siga positivo, com expectativa de um bom volume de absorção bruta e de absorção líquida, segundo o especialista. No começo deste trimestre, os números já devem vir fortes, diante de transações relevantes.
“Então é uma tendência que veio para ficar. O mercado está retornando. Desde depois da pandemia, desde 2022, ele já vem retomando e está ficando cada vez mais forte, então é um cenário bom para o mercado. Agora, se a taxa de vacância vai seguir caindo, vai depender muito do novo estoque até o final do ano. A nossa perspectiva é que a taxa de vacância ainda caia mais um pouco, mas ainda tem bastante novo estoque para entregar ao longo do ano, então talvez essa taxa de vacância não caia tanto quanto ela cairia se não tivesse tanto novo estoque”, pondera o head de pesquisa e estratégia da JLL.
A perspectiva é de aumento dos estoques em cerca de 9% nos próximos dois anos, o que pode fazer com que a taxa de vacância tenha maior equilíbrio, mas as absorções líquidas e brutas tendem a continuar favoráveis.