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    Agronegócio

    A hora e a vez do agro na Faria Lima

    Recém regulados, fundos de investimentos do agronegócio como o XPCA11 conquistam rapidamente o gosto dos investidores, além de surgirem como alternativa de financiamento a projetos no campo

    Por Luciene Miranda
    quarta-feira, 15 de junho de 2022 Atualizado

    Demorou, mas a atividade que sustenta o Brasil conquistou um espaço importante no mercado de capitais para a obtenção de financiamentos.

     

    O agronegócio - que dependia de políticas governamentais ou de escassas linhas de crédito bancárias - encontrou como alternativa os fundos de investimentos, mais especificamente, os Fiagros, como instrumentos até os recursos financeiros necessários para projetos no campo, sejam de ampliação de lavouras ou criação de animais ou mesmo de soluções estratégicas para minimizar gargalos de produção do país.

     

    A hora e a vez do agro na Faria Lima
    Rafael Bincoletto, gestor do Fiagro XP Crédito Agrícola - XPCA11 (Foto: Divulgação - XP)

     

    “O apelo do Brasil hoje é o agro. Ele é cinco vezes maior em representação no PIB [Produto Interno Bruto] em questão de mobiliário. Não é todo mundo que conhece. Tanto que, na bolsa de valores, o setor agro é muito pequeno em relação aos demais setores. Com a criação dos Fiagros, as pessoas vão conhecendo, entendendo um pouco melhor, e vão querer fazer parte”, afirmou Rafael Bincoletto, gestor do Fiagro XP Crédito Agrícola (XPCA11).

     

    Atentos, os reguladores apressaram a adaptação da legislação para viabilizar o Fiagro - Fundo de Investimentos das Cadeias Agroindustriais - em 2021. E a resposta do mercado foi rápida.

     

    De acordo com o último relatório da B3, a bolsa brasileira, de janeiro a maio deste ano, o volume financeiro em estoque nos Fiagros passou de R$ 1,4 bilhão para R$ 2,8 bilhões, um crescimento de 100%.

     

    Hoje, existem 22 Fiagros listados na B3, a bolsa de valores brasileira.

     

    No mesmo período, o número de investidores saltou 91,2%, de cerca de 30.700 para um total de 58.700. 

     

    Nesta base de cotistas de Fiagros, 96,4% são representados por pessoas físicas.

     

    “É diferente de fundo de terra. Você está ligado ao setor, mas não necessariamente tem um pedaço da terra. O agro é gigantesco dentro e fora da porteira”.

     

    O sotaque e o jargão do gestor do XPCA11 não negam a origem no campo. Rafael Bincoletto é nascido em Piracicaba, no interior de São Paulo, e formado engenheiro agrônomo pela Esalq, a Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz da Universidade de São Paulo (USP).

     

    “Sempre trabalhei com agro. Então, eu que me adaptei ao mercado financeiro”, brinca.

     

    O fundo foi lançado em novembro de 2021 e, atualmente, possui 10.571 cotistas. O perfil destes investidores ainda não foi mapeado, mas Bincoletto acredita que seja mais urbano, formado por pessoas que já investem em fundos imobiliários e resolveram diversificar a carteira.

     

    “Existem pessoas que já conhecem o setor agro e entendem um pouco melhor sobre os riscos envolvidos no investimento, mas há também investidores que se aventuraram para saber um pouco mais. Começaram a ler relatórios e a conhecer mais fiagros para investir em vários”.

     

    Do lançamento até o momento atual, o trabalho de divulgação do fundo contou com road show - visitas da equipe gestora a potenciais grandes investidores, além de  participações em lives e o envolvimento da estrutura de marketing da XP. No entanto, na hora do convencimento do investidor, o gestor prega o ‘papo reto’ típico da roça.  

     

    “A gente sempre falou desde o começo do road show qual era nosso pensamento aqui dentro. O melhor marketing é mostrar resultado e entregar aquilo prometido ao investidor”.

     

    Mas além da entrega ao cotista, a natureza de qualquer Fiagro é o financiamento ao agronegócio.

     

    “Ficou mais fácil para o produtor ter esse acesso também. É uma demanda absurda por crédito no agro e estamos aqui para financiar. Queremos ser parceiros de bancos e outras fontes de financiamento”.

     

    O XPCA11 tem originação própria dos Certificados de Recebíveis do Agronegócio (CRA) que compõem a carteira do fundo. São estas operações de CRAs chamadas ‘estruturadas’ - que ocorrem por meio de empresas securitizadoras - que financiam usinas, cooperativas, empresas e indústrias do agronegócio entre outros empreendimentos rurais.

     

    “A gente não ganha nenhum fee - taxa na tradução do inglês - por estruturação. Tudo vai para o cotista e para o papel”, explica Bincoletto.

     

    O gestor ainda conta que Gustavo Gomes, responsável pela área comercial fundo, é a pessoa que corre os rincões brasileiros. Por isso, ele é conhecido como o ‘pé no barro’ do XPCA11.

     

    “O contato é direto e não dependemos de ninguém. O Gustavo viaja pelo Brasil em busca de clientes. Além disso, a equipe de gestão, análise e controle está sempre em contato para avaliar os nossos próprios riscos de hoje e do futuro, sempre atentos ao mercado”.

     

     

    Diligência para mitigar os riscos do agro

     

    O trabalho pé no barro, ou seja, do lado de dentro da porteira da propriedade rural, é considerado fundamental para mitigar os riscos inerentes ao agronegócio e que, historicamente, limitaram o setor de maior acesso a instrumentos financeiros pelas instituições tradicionais, a exemplo de bancos e seguradoras.

     

    De acordo com Bincoletto, esta diligência ocorre não só no momento da estruturação da operação pela equipe do XPCA11, mas também com regularidade após a entrada do ativo no portfólio do fundo.

     

    São análises anuais no local, além de contatos por telefone quinzenais ou mensais com o devedor em uma dinâmica diferente de um fundo convencional.

     

    “A usina, por exemplo, me dá o penhor de um talhão, de uma área. Eu não vejo só o penhor, eu quero ver o risco inteiro desta usina. Quero sempre uma análise de crédito total, seja do produtor rural pessoa física, de uma usina ou cooperativa, para entender o poder de pagamento dele caso aconteça alguma coisa”.

     

    O rigor na análise para antever eventuais problemas de crédito, de acordo com Bincoletto, não tira o caráter do Fiagro de credor parceiro da empresa ou pessoa física que recebeu o aporte.

     

    “O agro, realmente, tem suas dificuldades e adversidades, o que nos leva a conversar com o produtor e, talvez, alterar um pouco o fluxo de pagamento. Se estiver um pouco pesado o mensal, dar um pouco de carência. É conhecer o caráter da pessoa e saber o que a gente pode fazer em conjunto para melhorar o fluxo. Não é chegar executando, embora possa chegar a isso”.

     

     

    Valores e distribuição do XPCA11

     

    O valor de mercado do XPCA11 está em R$ 139,4 milhões e o valor patrimonial é de R$ 134,1 milhões.

     

    A cota do fundo - lançada na B3 a R$ 10,00 em novembro de 2021 - era negociada a R$ 9,93 até o fechamento desta matéria.  Já a cota patrimonial do FII encerrou maio a R$ 9,52.

     

    Na distribuição de dividendos, o fundo se mantém regular nos últimos três meses em R$ 0,14 por cota.

     

    “Nosso spread - diferença desde a compra até a venda - de crédito está muito bom e estamos, diariamente, girando portfólio, estruturando e originando novas operações para melhorar. A gestão é muito ativa e gente vende nossos ativos com ganho de capital para dar esse 'a mais' ao cotista”, afirma Bincoletto.

     

     

    A segunda emissão do XPCA11

     

    Em 18 de maio, o XPCA11 divulgou a segunda emissão de novas cotas para a captação inicial de R$ 15,7 milhões.

     

    O preço definido para a nova cota na oferta restrita sob a instrução CVM 476 foi de R$ 9,92, já com os custos da operação.  

     

    No último relatório gerencial do fundo referente a abril, a operação foi justificada com o objetivo de dar maior liquidez às cotas no mercado secundário, diversificar os  tomadores de crédito, as culturas e as regiões no portfólio, diluir custos, além de aumentar o poder de negociação na originação e negociação de operações.

     

    Ainda no documento, as explicações sobre a situação das principais commodities agrícolas brasileiras – soja, milho e boi gordo - revelam o intuito de trazer o cotista para a realidade do agronegócio.

     

    “A gente está tentando ser o mais didático e transparente possível para que o investidor conheça o agro, o que está acontecendo aqui com o clima e também os fatores internacionais que interferem na produção brasileira, a exemplo da guerra na Ucrânia”.

     

    O portfólio do XPCA11 tem 89,5% de CRAs, o que representa um patrimônio de R$ 122,25 milhões. O restante é composto por 9,5% de caixa do fundo (R$ 13 milhões) e por 1% de cotas de FIDC Fiagro (R$1,39 milhão).

     

    A proporção de aportes financeiros pelo fundo é de 42,4% para produtores rurais, 31,6% destinados à agroindústria, 16,2% à cooperativas e 10,8% à usinas.

     

    Já os maiores investimentos do XPCA11 estão concentrados no estado do Mato Grosso com 33,9%, seguido pelo Paraná que responde por 17,8% e Maranhão com 14,5%. Os recursos do fundo ainda financiam empreendimentos do agronegócio na Bahia, Mato Grosso do Sul, Rondônia, Goiás, Minas Gerais, São Paulo e Rio Grande do Sul.

     

    Os retornos das operações em carteira do fundo, na maioria, têm base no CDI.

     

    “Hoje, no portfólio, o XPCA11 tem a maioria dos ativos corrigidos pelo CDI porque o mercado agro é muito pós ou pré CDI devido à concorrência com os bancos”, explica Bincoletto.

     

    São características muito próprias do agronegócio que exigem do gestor muito suor ‘além da porteira’ em uma labuta de sol a sol para repassar conhecimento a um mercado muito curioso, mas ainda despreparado para entender o potencial do agronegócio brasileiro.

     

    “A Faria Lima já conhece o agro, mas ainda tem muito o que aprender”, conclui.


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